SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, defendeu em reunião online com pastores nesta segunda-feira (23) a participação dos cristãos na política e prometeu jejum pelos próximos sete dias.
O autointitulado ex-coach disse que não consegue “ver em momento nenhum o cristão fora da política” e afirmou que, quando o fiel se ausenta dessa esfera pública, deixa “os canalhas comunistas governarem”.
O discurso se assemelha ao da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em ato na avenida Paulista, em fevereiro, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, ela afirmou que os cristãos foram negligentes ao falar que não se pode misturar política com religião e que, por isso, “o mal ocupou o espaço”.
Marçal disse que só tomará água ao longo da próxima semana, expediente comum nas igrejas, que promovem temporadas de abstinência em nome de uma causa. “Pode custar o que for, eu vou servir a esse povo”, afirmou.
Sob ataque de pastores como Silas Malafaia, Marçal oscilou de 31% para 26% na parcela evangélica da população paulistana em pesquisa Datafolha divulgada na semana passada. Seu rival Ricardo Nunes (MDB), que tem apoio maciço do grupo, foi de 29% para 32%.
Marçal não deixa de se mostrar resiliente nessa fatia religiosa. A taxa de eleitores que dizem não votar de jeito nenhum no empresário é bem menor entre evangélicos (28%) do que na média geral (47%).
Na reunião desta segunda, o influenciador sugeriu que pastores teriam se deixado levar por verbas públicas ao respaldar o atual prefeito.
Marçal, que antes da campanha afirmou que não é religioso, se colocou como o único evangélico na disputa. “Nunca na história de São Paulo um evangélico sentou na cadeira de prefeito”, disse.
Seus principais adversários são católicos praticantes (Nunes e Tabata Amaral) ou batizados da Igreja Católica Ortodoxa (Guilherme Boulos).
Com 41% das intenções de voto entre os eleitores de Bolsonaro, o candidato do PRTB tem evitado atacar o ex-presidente, sinalizando que tem respeito por ele. O influenciador, porém, diz que Bolsonaro erra ao apoiar Nunes e sugere que ele cedeu ao sistema da política tradicional.
Nesta segunda, mais uma vez, o autointitulado ex-coach ressaltou que Bolsonaro está do mesmo lado do ex-presidente Michel Temer (MDB), do secretário de Governo de SP, Gilberto Kassab (PSD), e do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), expoentes do que Marçal aponta ser a velha política.
Falou ainda que o ex-presidente não tem compromisso com ele, mas sim com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Marçal também aproveitou para criticar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem apelidou de “goiabinha”, atiçando seus seguidores a criticá-lo nas redes.
“Terrível ver ele sentado ali com Temer, Kassab, tantas pessoas, fechando aliança contra um garoto”, disse.
O influenciador disse ainda que na cidade há pessoas que fingem ser conservadores, em referência a Nunes, a quem se referiu como “direita trans”: “O tipo pessoa que nasceu de um jeito, é de um jeito, e resolve mudar no meio do caminho”.
No encontro, Marçal endossou temas caros ao eleitorado evangélico e conservador. Definiu Karl Marx como “gigolô” e acusou, sem provas, a esquerda de promover erotização infantil nas escolas e de ensinar as crianças “a serem petistas”. Também se voltou contra a proibição de armas.
Chorou ao dizer que sua esposa, Ana Carolina Marçal, influenciadora que não publica nas redes desde o início do mês, não está bem. “Orem pela minha esposa, o coração dela está muito triste. Até parou de acompanhar tudo o que está acontecendo nas redes, o tanto de gente atentando contra a minha vida e falando coisas absurdas”, afirmou.
Marçal também falou sobre a briga com o pastor Silas Malafaia. Apesar das provocações mútuas, ele disse que ninguém ali o veria “rachar a direita” e disse que, se o pastor tem o atacado, a recíproca não ocorreria. “Ele pode gravar 300 mil vídeos a meu respeito que eu não vou me levantar contra ele.”
Ao final, o influenciador disse que a única coisa que falta é munição, e anunciou o Pix da campanha, pedindo contribuições.