Um golfinho com barbatanas deformadas que parecem polegares foi visto por investigadores do Pelagos Cetacean Research Institut, no Golfo de Corinto, na Grécia, em julho de 2023.
Segundo os especialistas, o animal desenvolveu um defeito genético durante a formação no útero, que se assemelha a “polegares”.
O golfinho foi avistado pelos investigadores em duas ocasiões, no verão, durante pesquisas de barco na costa da Grécia.
Apesar da aparência incomum das suas barbatanas, o animal acompanhou o resto do grupo e foi visto a “nadar, saltar, brincar” com outros golfinhos, revelou Alexandros Frantzis, coordenador científico e presidente do Pelagos Cetacean Research Institut, citado pelo Live Science.
“Foi a primeira vez que vimos esta surpreendente morfologia das barbatanas em 30 anos de pesquisas em mar aberto e também em estudos durante a monitorização de todos os golfinhos encalhados ao longo da costa da Grécia durante 30 anos”, deu conta ainda.
O Golfo de Corinto é a porção de mar que separa a região de Peloponeso da parte ocidental da Grécia. É limitado a leste pelo istmo de Corinto, e a oeste pelo estreito do Rio-Antírio.
É o lar de uma sociedade única de golfinhos mistos que inclui golfinhos comuns (Delphinus delphis), golfinhos de risso (Grampus griseus) e golfinhos riscados (Stenella coeruleoalba). O animal com o defeito avistado era um golfinho riscado, destacou Frantzis, que lhe tirou fotogradias.
Cerca de 1.300 golfinhos listrados vivem no Golfo de Corinto, onde estão isolados do resto da população mediterrânea. A barbatana incomum “não se assemelha em nada com uma doença”. Em vez disso, pode ser a expressão de alguns genes raros e ‘irregulares'” que surgiram devido a um cruzamento constante, explicou o especialista.
Lisa Noelle Cooper, professora associada de anatomia e neurobiologia de mamíferos na Northeast Ohio Medical University, concordou que o defeito do golfinho está provavelmente enraizado nos seus genes. “Nunca vi uma nadadeira de cetáceo que tivesse esse formato”, contou Cooper ao WordsSideKick.com por e-mail.
Os cetáceos – um grupo de mamíferos marinhos que inclui baleias, golfinhos e botos – desenvolveram membros anteriores distintos com mais falanges, ou ossos dos dedos, em comparação com outros mamíferos. Esses ossos estão dispostos em “mãos” semelhantes às humanas, envoltas numa barbatana de tecido mole, revelou ainda Bruna Farina, estudante de doutorado especializada em paleobiologia e macroevolução na Universidade de Friburgo, na Suíça.
Isso significa que os golfinhos têm polegares, embora não sejam tão proeminentes quanto os nossos e estejam escondidos pelas barbatanas, acrescentou.
Mas o golfinho fotografado no Golfo de Corinto parece não ter dedos e parte do tecido que normalmente os envolveria. “Parece-me que as células que normalmente formariam o equivalente aos nossos dedos indicador e médio morreram num processo estranho quando o animal se estava a formar ainda no útero”, apontou Cooper.
O polegar e o quarto dedo do golfinho, no entanto, permaneceram. “O ‘polegar’ em forma de gancho pode ter algum osso dentro dele, mas certamente não é móvel”, adiantou, explicando que “nenhum cetáceo tem polegares móveis”.
“É lindo ver que este animal está evoluindo”, finalizou Cooper.
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