Argentina diz querer ampliar controle na fronteira com Brasil, mas não fala com governo Lula

Argentina diz querer ampliar controle na fronteira com Brasil, mas não fala com governo Lula

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Após polêmica com a Bolívia devido à iminente construção de uma cerca de arame na fronteira entre os países, agora a Argentina diz que pretende aumentar o controle na fronteira com o Brasil.

 

A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, afirmou a jornais locais nesta terça-feira (28) que traça um plano para a fronteira na província de Misiones, com os estados do sul do Brasil. “Tivemos ali casos de assassinatos de aluguel e outros problemas”, afirmou ela.

A reportagem questionou a equipe de Bullrich, ministra forte de Javier Milei, pedindo mais detalhes. A resposta foi que tudo ainda está sob estudo e que não seria um plano nos moldes do que ocorre na fronteira com a Bolívia. Dizem que “tudo está sendo avaliado”.

Ainda segundo apurou a reportagem, o governo brasileiro e a Polícia Federal (PF) ainda não foram contatados pela gestão de Milei para tratar sobre temas relativos a aumentar os controles migratórios na fronteira com o Brasil.

Com o país presidido por Luis Arce, a Argentina iniciou uma licitação para construir uma cerca de arame ao longo de 200 metros pelo município de Aguas Blancas, na província de Salta. A justificativa é combater o narcotráfico e o contrabando ao forçar as pessoas a passarem pelo controle migratório. O governo de Arce reclamou.

La Paz disse em nota que “temas fronteiriços devem ser tratados por meio de mecanismos de diálogo bilaterais para encontrar soluções coordenadas a temas em comum; qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica”.

Zonas fronteiriças são, historicamente, um desafio para toda a região. O imbróglio com a Bolívia já havia escalado pelo fato de que a província de Salta foi pioneira em passar a cobrar o acesso à saúde para imigrantes que não tenham documentos argentinos. Era uma prática comum o chamado “turismo de saúde”.

Mais recentemente, o governo de Milei seguiu essa ideia, ao anunciar em dezembro uma reforma migratória para que universidades nacionais públicas possam cobrar mensalidade de estudantes estrangeiros que não sejam residentes e para o fim da gratuidade do atendimento médico para estrangeiros não residentes.

O conflito também tem tons políticos. Milei e Luis Arce não têm boa relação, apesar do trato protocolar. No ano passado, o autodeclarado libertário chegou a dizer que o herdeiro de Evo Morales tentou forjar um golpe contra si mesmo para aumentar seu capital político.

Por fim, o caldo também entornou quando a gestão da Casa Rosada disse que a Bolívia atuava como base para atuação de agentes do Irã na região.

A autoridade máxima da pequena Aguas Blancas, o interventor Adrián Zigarán, que ocupa o cargo de forma temporária até novas eleições, disse que “não entende porque alguns setores comparam a cerca com o muro de Donald Trump” nos Estados Unidos.

“Isso é simplesmente uma cerca de arame de 200 metros, nem mais, nem menos. É simplesmente ordenar a passagem no terminal de migrantes, e o lado boliviano não tem nada a ver com isso”, disse ao jornal El Tribuno.

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