Zeca Pagodinho celebra 40 anos de carreira em show com hits e muita boemia

MATHEUS ROCHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio aos gritos do público e flashes das câmeras fotográficas, o sambista Zeca Pagodinho subiu ao palco da casa de shows Vibra São Paulo na noite desta sexta-feira (15), quando encerrou a turnê “Mais Feliz”. A série de apresentações, que percorre cidades do Brasil e do exterior, chegou à capital paulista levando ao público um repertório repleto de canções emblemáticas.

O show é uma forma de celebrar os 40 anos de carreira de Zeca e revisitar a sua discografia, uma das mais cultuadas e bem-sucedidas da música brasileira.

O cantor abriu o show com “Verdade”, que pôs todos para sambar. No meio da apresentação, Pagodinho pegou um copo de cerveja e ergueu em direção ao público, a deixa para que gritos de euforia e aprovação tomassem conta da casa.

Conhecido por sua boêmia e informalidade, o sambista caiu nas graças dos jovens da geração Z por ser visto com frequência segurando um copo de cerveja na mão. As imagens circularam as redes sociais, inspirando até mesmo tatuagens e estampas de camisa.

O calor que fazia na capital paulista obrigou o cantor a abrir alguns botões de sua camisa e arregaçar as mangas. Quando cantava a música “Seu Balancê”, ele pediu para a organização aumentar o ar-condicionado. “Tem senhora se abanando aqui”, disse.

A bem da verdade é que o calor era provocado também pelo estado de euforia do público, que não ficava parado. Os fãs batiam palmas, erguiam as mãos e sambavam ao ritmo de músicas como “Quando a Gira Girou”, “Maneiras” e “Samba pras Moças”.

Sobre o palco, Zeca exalava o mesmo carisma que o transformou em um queridinho da internet. Enquanto cantava “Saudade Louca”, “Não Sou Mais Disso” e “Lama das Ruas”, ele acenava e interagia com o público. No fundo do palco, havia um mural mostrando um morro carioca. É uma referência à cultura popular, tão presente na trajetória do cantor, que se considera parte do “povão “

Enquanto isso, o público se reunia em volta de mesas sobre as quais havia petiscos e cervejas, elementos que aumentavam a sensação de se estar em um barzinho de Xerém, bairro da Baixada Fluminense onde o sambista tem um sítio.
Zeca despontou no cenário musical no começo da década de 1980, quando lançou a música “Camarão que Dorme a Onda Leva”, ao lado de Beth Carvalho, a quem chamava de madrinha, por ter recebido seu apoio quando estava no começo da carreira. A faixa, como não podia deixar de ser, foi um dos destaques do show.

“Quando Eu Contar (IáIá)”, “Judia de Mim” e “Brincadeira tem Hora”, clássicos do primeiro disco que Zeca lançou, em 1986, também fizeram parte do repertório nesta noite. Houve ainda “Deixa a Vida me Levar”, outro ápice.

Lançada em 2002, a música fez tanto sucesso que virou uma espécie de hino da Copa do Mundo daquele ano e embalou a conquista do penta. Passadas mais de duas décadas de seu lançamento, a faixa continua provocando a mesma catarse coletiva.

“Ogum” foi outro ponto alto do show. O sambista é devoto de São Jorge, associado ao orixá guerreiro. Logo depois, ele cantou “Minha Fé “, na qual também fala sobre sua relação com a espiritualidade.

Zeca ainda incluiu na apresentação músicas do disco “Mais Feliz”, seu último trabalho, lançado em 2019. Fizeram parte do repertório a faixa título do álbum e “O Sol Nascerá (A Sorrir)”, regravação de Cartola com a sambista Teresa Cristina.
Após o fim da turnê “Mais Feliz”, Zeca deve continuar celebrando sua carreira, em 2024, quando embarca em outra turnê. A série de apresentações começará no Rio de Janeiro, no dia 4 de fevereiro, quando o sambista completa 65 anos. Os shows devem ter a participação de convidados especiais como Alcione, Jorge Aragão e Seu Jorge.

E a celebração de seu legado não para por aí. Está em produção um filme biográfico sobre o sambista, ainda sem previsão de lançamento, que deve narrar sua infância nos subúrbios do Rio e o caminho até se firmar como um dos principais nomes do samba, com 12 milhões de discos vendidos. A direção é de Mauro Lima, diretor de outros filmes biográficos, como o de Tim Maia e o do maestro João Carlos Martins.

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