Volta de Trump traria riscos inaceitáveis, diz Economist ao endossar Kamala nos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio a uma controvérsia entre veículos de mídia americanos sobre anunciar ou não apoio a algum candidato nas eleições da próxima terça-feira (5), a revista britânica The Economist declarou que endossa a campanha da democrata Kamala Harris.

 

Num editorial intitulado “Um segundo mandato de Trump traz riscos inaceitáveis”, a Economist afirma que, comparada ao republicano, Kamala “representa estabilidade”.

Apesar de parecer “indecisa e insegura” e decepcionante do ponto de vista político, escreve a revista, a democrata “abandonou as ideias mais esquerdistas dos democratas” e se aproximou do centro, ao lado de Liz Cheney -ex-deputada e filha do ex-vice-presidente Dick Cheney- e outros exilados republicanos.

“É difícil imaginar Kamala sendo uma presidente estelar, embora as pessoas possam surpreender. Mas você não pode imaginá-la causando uma catástrofe.”

Trump, por outro lado, não teria capacidade de unir o país, como fazem bons presidentes, pois seu gênio político é “colocar as pessoas umas contra as outras”.

Referência entre liberais democratas em todo o mundo, a Economist admite que seus “piores medos” sobre o primeiro mandato de Trump não se concretizaram e que a economia andou bem sob a gestão dele, mas alerta que agora “os riscos são maiores”.

Isso porque, sustenta a revista, as políticas do candidato republicano “são piores, o mundo é mais perigoso e muitas das pessoas sóbrias e responsáveis que controlaram seus piores instintos durante seu primeiro mandato foram substituídas por verdadeiros crentes, bajuladores e oportunistas”.

A Economist critica propostas protecionistas de Trump, como a de impor uma tarifa de 20% sobre todas as importações e taxar carros produzidos no México de 200% a até 500% e a promessa de deportar milhões de imigrantes em situação irregular, muitos com empregos e filhos americanos.

“Essas políticas seriam inflacionárias, potencialmente criando um conflito com o Federal Reserve [o Banco Central dos EUA]. Elas arriscariam desencadear uma guerra comercial que acabaria empobrecendo a América”, argumenta a publicação.

Para a revista, a economia dos EUA “é a inveja do mundo, mas isso depende de ser um mercado aberto que abraça a destruição criativa, a inovação e a competição. Às vezes parece que Trump quer retornar ao século 19, usando tarifas e isenções fiscais para recompensar seus amigos e punir seus inimigos, bem como para financiar o Estado e minimizar os déficits comerciais. A política ainda pode destruir as fundações da prosperidade dos EUA”.

Além disso, aponta a Economist, agora há duas guerras em curso (na Ucrânia e no Oriente Médio), nas quais os EUA têm papel preponderante, e as “promessas superficiais” de Trump de “trazer paz à Ucrânia em um dia e seu incentivo aberto às ofensivas de Israel não são tranquilizadoras”.

Na última sexta (25), o jornal The Washington Post, um dos mais influentes dos EUA, anunciou que não vai mais declarar apoio a qualquer candidato à Presidência, rompendo com décadas de tradição. A decisão provocou a demissão de editores e uma onda de cancelamento de assinaturas. O diário Los Angeles Times fez o mesmo.

Comentaristas e acadêmicos interpretaram o recuo como o primeiro sinal de uma escalada autoritária em um possível novo governo Trump.

Veja quem os principais veículos apoiam nesta eleição

Trump

  • New York Post
  • Washington Times
  • Las Vegas Review-Journal

Kamala

  • The Atlantic
  • The New Yorker
  • The New York Times
  • The Economist
  • Boston Globe
  • Las Vegas Sun
  • Vogue
  • Rolling Stone
  • Seattle Times

Sem apoio declarado

  • Washington Post
  • LA Times
  • USA Today
  • Chicago Tribune
  • Denver Post

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