Vencedora do Nobel da Paz é agredida em prisão no Irã, diz família

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, Narges Mohammadi foi agredida por guardas penitenciários no Irã, segundo comunicado divulgado por sua família. A ativista de direitos humanos, há décadas perseguida pelo regime iraniano por seu ativismo, está presa sob a acusação de “espalhar propaganda contra o Estado”.

 

As agressões teriam ocorrido após protestos contra uma série de execuções em prisões no Irã. A ativista teria se envolvido em confrontos depois que outras mulheres presas foram espancadas pelos militares. O caso ocorreu na seção feminina da prisão de Evin, em Teerã, a capital iraniana.

Na quinta (8), a família comunicou que várias presas políticas, incluindo Narges Mohammadi, reuniram-se “para protestar contra a execução de Gholamreza Rasaei”. Ainda relataram que “foram dadas ordens” para atacar e espancar as mulheres que estavam na linha de frente dos protestos.

Rasaei foi executado na última terça-feira (6). Segundo a agência de notícias do Judiciário iraniano Mizan Online, ele foi condenado pelo assassinato de um oficial da Guarda Revolucionária ocorrido durante protestos contra o regime em 2022.

A administração penitenciária, mencionada pela agência Tasnim, rejeitou a acusação de que os guardas agrediram as mulheres. Segundo o órgão, foram as prisioneiras quem atacaram os soldados. As informações não puderam ser verificadas de forma independente.

A versão divulgada pela família de Mohammadi, porém, é outra. De acordo com o comunicado, depois de levar um soco no peito, a Nobel da Paz sofreu “insuficiência respiratória” e “fortes dores” na região atingida. Ela ainda teria desmaiado no pátio da prisão.

Narges Mohammadi recebeu atendimento na enfermaria do centro de detenção, mas não foi levada ao hospital. A família afirma que está “extremamente preocupados com suas condições de saúde”.

154 CHIBATADAS
Narges Mohammadi, 52, é ativista dos direitos humanos e está presa desde novembro de 2021. Em 2023, foi premiada com o Nobel da Paz. Nos últimos meses, a ativista sofreu com fortes dores no joelho e nas costas. Ainda em 2021, Mohammadi se submeteu a procedimentos para implante de um dispositivo desobstruidor de artéria.

Mohammadi continuou a fazer campanha e apoiou fervorosamente os protestos que começaram em setembro de 2022 por todo o Irã, apesar de estar presa e enfrentar problemas de saúde. Os atos começaram após a morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, presa por supostamente violar o rígido código iraniano de vestimenta para mulheres.

Em junho deste ano, Narges Mohammadi recebeu uma nova sentença de um ano de prisão por “propaganda contra o Estado”, além de outras acusações que totalizam 12 anos e três meses de prisão, 154 chibatadas, dois anos de exílio, além de várias outras sanções sociais e penais.

Após uma breve pausa subsequente à eleição do novo presidente iraniani, Masoud Pezeshkian, organizações que atuam em defesa dos direitos humanos afirmam que o Irã intensificou as penas de morte.

Na quarta-feira (7), as autoridades executaram 29 pessoas em duas prisões na cidade de Karaj, próxima a Teerã, segundo a ONG Iran Human Rights, que tem sede na Noruega.

Desde o início de 2024, pelo menos 345 pessoas, incluindo 15 mulheres, foram executadas no país. O número foi informado pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos nesta sexta-feira (9).

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