SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel anunciou, nesta quinta-feira (1º), a morte de mais um importante membro do Hamas, facção palestina que o Estado judeu enfrenta há quase dez meses na Faixa de Gaza. De acordo com Tel Aviv, o chefe da ala militar do grupo terrorista, Mohammed Deif, foi morto em um ataque aéreo em Khan Yunis no dia 13 de julho de 2024.
A essa morte se somam outras nos últimos meses. A mais recente ocorreu nesta quarta-feira (31), no Irã. O chefe da cúpula política do Hamas, Ismail Haniyeh, estava no país persa para acompanhar a posse do novo presidente, Masoud Pezeshkian, quando foi alvo de um ataque aéreo atribuído a Tel Aviv, que não confirmou a autoria da ofensiva.
No começo do ano, os vices dos dois líderes também morreram. Em janeiro, Saleh al-Arouri, número dois de Haniyeh, foi morto em Beirute em um ataque de drone de Israel, segundo a agência de notícias Reuters. Dois meses depois, em março, Marwan Issa, vice do braço militar do Hamas, também conhecido como Brigadas al-Qassam, foi assassinado em um ataque aéreo israelense, de acordo com os Estados Unidos.
A aposta é que as baixas no núcleo do Hamas permitam que Tel Aviv cumpra o que diz ser seu objetivo desde o início do conflito -eliminar o grupo terrorista. Muitas dessas mortes, porém, podem abrir novas frentes de guerra e espalhar o combate para outras partes do Oriente Médio.
Nesta quinta, por exemplo, milhares de pessoas reunidas para o funeral de Haniyeh em Teerã pediram vingança. O Irã, que atualmente é o maior inimigo de Tel Aviv entre os países da região, já atacou diretamente Israel desde o início da guerra. Em abril, o país persa lançou dezenas de drones e mísseis em direção a Israel, em um ataque que não deixou mortos.
Mais recentemente, em julho, um ataque reivindicado pelos rebeldes houthis atingiu Tel Aviv, matando uma pessoa e ferindo levemente outras quatro. Embora fique baseado no Iêmen, o grupo é apoiado por Teerã. Na ocasião, o Exército de Israel disse que o drone provavelmente era um modelo Samad-3, fabricado no Irã.
As tentativas de assassinato de membros do Hamas por Israel remontam à fundação do grupo, em 1987, durante a primeira revolta palestina contra a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Dois anos depois de ser criado, a facção realizou seus primeiros ataques a alvos militares israelenses, incluindo o sequestro e o assassinato de dois soldados.
Yahya Ayyash, apelidado de “O Engenheiro” e apontado como mentor de uma onda de atentados suicidas palestinos, foi morto em 5 de janeiro de 1996, quando seu telefone celular explodiu em suas mãos. Os palestinos culparam Israel, que nunca assumiu a autoria. Após o assassinato, o Hamas realizou quatro ataques suicidas que mataram 59 pessoas em três cidades israelenses ao longo de nove dias.
No ano seguinte, agentes israelenses injetaram veneno no ex-líder do Hamas Khaled Meshaal em uma rua fora de seu escritório em Amã, capital da Jordânia. A tentativa de assassinato, ordenada por Binyamin Netanyahu, que cumpria seu primeiro período como primeiro-ministro israelense, fracassou.
O ataque enfureceu tanto o então rei da Jordânia, Hussein, que ele falou em enforcar os assassinos e cancelar o tratado de paz de seu país com Israel, a menos que o antídoto fosse entregue, o que Tel Aviv acabou fazendo.