RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Paraná indiciou, na quinta-feira (8), um técnico de enfermagem sob suspeita de estuprar pacientes em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Curitiba, no Paraná. Wesley da Silva Ferreira, 25, também é acusado de gravar os abusos.
De acordo com o inquérito, o homem, que é portador de HIV, poderá responder pelos crimes de contágio de moléstia grave, além de estupro de vulnerável e registro não autorizado de intimidade sexual.
Ferreira foi preso no dia 29 de outubro. À polícia, ele confessou ter abusado de cinco homens, e assumiu o risco ao abusar das vítimas mesmo sabendo do risco de contágio por HIV. O suspeito ainda não tem advogado.
A Prefeitura de Curitiba, que administra a UPA, afirmou que o servidor foi demitido e que coopera integralmente com as investigações. Destacou, também, que o técnico foi admitido por processo seletivo em novembro de 2023 e atuava no plantão noturno. Ainda segundo a nota, não há registro de denúncias anteriores contra o servidor.
O técnico de enfermagem foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná na sexta-feira (8). Segundo a Promotoria, os abusos foram cometidos contra seis vítimas entre novembro de 2023 e outubro deste ano. A denúncia afirma ainda que o suspeito também produziu conteúdo pornográfico com uma criança de quatro anos.
Até o momento, a Polícia Civil identificou quatro vítimas, sendo uma delas já falecida. Segundo a delegada Aline Manzatto, duas delas sofreram estupro de vulnerável, enquanto as outras foram fotografadas pelo investigado.
“Outras três pessoas ainda não foram identificadas, mas as imagens foram encaminhadas ao Instituto de Identificação do Paraná para reconhecimento facial”, disse a delegada.
Ainda de acordo com Manzatto, o inquérito sobre o caso segue, apesar do indiciamento, para identificar outras possíveis vítimas e crimes. “Ainda existem diligências para serem feitas, como análise do celular”, afirmou.
Pelo Ministério Público, Ferreira foi denunciado ainda por produção de conteúdo pornográfico envolvendo criança, armazenamento de conteúdo pornográfico infantil, e lesão corporal de natureza grave pela transmissão de doença incurável.
Segundo a Promotoria, há ainda o agravante de que os crimes foram cometidos em função do cargo que o técnico ocupava, já que era o profissional responsável pelos setores onde os abusos aconteceram, e das vítimas serem pessoas hospitalizadas.
O caso começou a ser investigado depois que uma pessoa com a qual ele mantinha relacionamento encontrou gravações dos abusos armazenadas no celular do suspeito. O homem, então, denunciou o ex-companheiro à polícia.
Em uma das imagens, o técnico de enfermagem vai até a cama de um paciente, sobe o lençol e começa a tocar nas partes íntimas da vítima, um homem que estava internado na UPA. A investigação apontou que, em alguns casos, as vítimas estavam sedadas e totalmente inconscientes.
Os casos ocorreram na UPA no bairro Cidade Industrial de Curitiba. No entanto, em outras duas situações, o suspeito tirou foto dos pacientes nus no Hospital Santa Cruz, através de câmeras de segurança, segundo a polícia. Os investigadores apuram se o técnico também abusou de pacientes nessa instituição.
O Hospital Santa Cruz informou que abriu uma sindicância interna para avaliar o caso e reforçou que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
Segundo a polícia, o suspeito disse ter HIV e fazer tratamento para a doença desde 2019.
Quando o portador da doença segue tratamento e fica indetectável é pouco provável a transmissão.
Além da prisão, o técnico de enfermagem também foi alvo de buscas. Na residência do suspeito, policiais apreenderam medicamentos furtados de outros hospitais, entre eles, morfina, fentanil e quetamina.
Segundo a Polícia Civil, Ferreira também foi indiciado por falsificação de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais e furto qualificado.
O Coren (Conselho Regional de Enfermagem) do Paraná manifestou repúdio a qualquer forma de abuso cometido por profissionais no exercício da profissão e disse que já determinou apuração do caso pela Câmara de Ética da Entidade.