SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A técnica em patologia clínica Jacqueline Iris Bacellar de Assis, 36, se entregou em uma delegacia da Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta terça-feira (15). Ela é acusada de ter assinado laudos no laboratório PSC Lab Saleme, que está sob investigação por emitir exames com falsos negativos para HIV no Rio de Janeiro.
O erro no exames fez com que seis pacientes recebessem transplantes infectados com o vírus.
O advogado José felix, que faz a defesa da funcionária, confirmou a prisão. Até o final da tarde desta terça, ela ainda estava prestando depoimento.
Jacqueline afirma que nunca realizou testes no PCS Lab, que começou a trabalhar no local como supervisora administrativa em outubro de 2023 e que seu nome estaria sendo usado como “laranja”.
O PCS Lab diz que “ela informou ao laboratório diploma de biomédica e carteira profissional com habilitação em patologia clínica” e que a funcionária “assinou diversos laudos de exames nos últimos meses”.
A Faculdade Unopar informou na segunda-feira (14) que não reconhece o diploma de biomedicina da técnica em patologia clínica. O atestado de formação foi apresentado pelo laboratório, que afirma ter recebido o documento de Jacqueline no momento de sua contratação. A funcionária, por sua vez, afirma desconhecer o documento.
O ginecologista Walter Vieira, um dos sócios do laboratório PCS Saleme, afirmou em depoimento nesta segunda que o transplante de órgãos infectados com HIV para seis pacientes no Rio de Janeiro foi causado por preparação incorreta do exame para detectar a doença e erro na hora de registrar o resultado do teste.
Segundo o advogado Afonso Destri, que faz a defesa do médico, Vieira disse à Polícia Civil que os erros foram cometidos por três funcionários da clínica. Dois deles foram presos. Além de Jacqueline, também está detido Ivanilson Fernandes dos Santos. O técnico de laboratório Cleber de Oliveira Santos segue foragido.
O estabelecimento já havia afirmado por meio de nota que um erro humano teria levado à infecção com o vírus HIV em pacientes. No depoimento desta segunda, Vieira detalhou as supostas falhas.
Em um dos laudos, o erro foi atribuído ao responsável técnico Ivanilson dos Santos. Ele teria se enganado e escrito “negativo” no lugar de “positivo” no teste de HIV. Mas por não ter formação de nível superior, não poderia assinar e liberar o resultado.
A função de checar e assinar o exame feito por Ivanilson era de Jacqueline de Assis, que não teria realizado uma checagem e liberado o laudo com o falso negativo.
No primeiro laudo, o sócio do laboratório disse que o erro foi causado pelo biólogo Cleber Santos no momento de preparar o exame. Antes de manusear o equipamento que faria o teste para detectar a doença, ele não teria “zerado” a máquina, o que causou o falso negativo.
O profissional tinha formação e capacidade para assinar e liberar o documento com os resultados, mas a assinatura final é de Vieira. A defesa alegou que os documentos foram assinados porque há vários testes a serem feitos antes de os órgãos serem doados e que o ginecologista assinou somente o exame final.