Suspeita de matar namorado com brigadeirão é levada de delegacia a presídio no Rio

HERCULANO BARRETO FILHO
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A mulher suspeita de matar o namorado com um brigadeirão envenenado deixou a delegacia no começo da tarde desta quarta-feira (5), após passar a noite na carceragem da unidade policial. Ela já está no presídio de Benfica, na zona norte do Rio.

Psicóloga será levada para presídio de Bangu, na zona oeste do Rio. Antes disso, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, 29, passará por audiência de custódia no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica.

Vídeo obtido pelo UOL mostra o momento em que a suspeita deixou a 25ª DP (Engenho Novo). Ela ficou na carceragem da delegacia após se entregar à Polícia Civil por volta das 23h desta terça-feira (4).

Com capuz na cabeça para cobrir parte do rosto, a psicóloga deixou a delegacia sem algemas e com as mãos para trás, acompanhada por uma policial civil. A advogada Hortência Menezes negociou nesta terça-feira a rendição dela, pedindo para que os agentes não usassem algemas, e o pedido foi atendido pela corporação.

Defesa afirma que a suspeita está abalada psicologicamente. “É uma situação delicada, e precisa ser esclarecida. A Júlia está abalada psicologicamente. Ela está muito assustada, mas irá colaborar”, disse a advogada Hortência Menezes.

ADVOGADA NÃO DESCARTA TRANSTORNO MENTAL
“Embora seja uma psicóloga, tal fato não exclui que possa manifestar um transtorno mental”, diz nota enviada pela defesa à imprensa. O texto enviado pela advogada Hortência Menezes ainda diz que Júlia exercia a sua profissão, tem bons antecedentes e família estruturada.

Defesa cita relação com Suyany Breschak. Se apresentando como cigana, ela foi presa no dia 29 de maio por suspeita de ajudar Júlia a vender alguns bens do empresário. A cúmplice relatou em depoimento que a namorada da vítima seria garota de programa e tinha uma dívida de R$ 600 mil com ela. A defesa de Suyany disse que ela não tem qualquer envolvimento no crime.

Advogada diz querer entender como foram 11 anos de aconselhamento e orientação religiosa da psicóloga com a suposta cigana. “Se trata de uma orientadora e conselheira espiritual de uma determinada denominação religiosa, porém não seria a missão dos ‘sacerdotes’ serem responsáveis por animar e encorajar os seus membros, tornando-se exemplos por suas ações?”, questiona.

O QUE SE SABE SOBRE O CASO
Júlia era procurada pela polícia por suspeita de envolvimento na morte do namorado. Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado morto dentro do seu apartamento no Rio de Janeiro no dia 20 de maio. Vizinhos sentiram um cheiro forte vindo do apartamento e acionaram a polícia.
Dois dias após o corpo do empresário ter sido encontrado, Júlia prestou depoimento e foi liberada. O mandado de prisão foi expedido após a oitiva, mas a suspeita não havia sido mais localizada. Um cartaz com a foto da mulher chegou a ser divulgado pelo Disque Denúncia RJ para pedir informações sobre o paradeiro dela.

A Polícia Civil investiga se Júlia colocou um medicamento à base de morfina no doce que teria causado a morte do companheiro. Ela teria comprado o remédio duas semanas antes do crime. A suspeita surgiu após depoimento de Suyany Breschak, conselheira espiritual de Júlia, presa por suspeita de envolvimento no crime.

Houve uma negociação com a advogada para que ela se entregasse. Aí, foi indicado um local para que pudéssemos prendê-la. Em princípio, ela quis ficar calada. Gostaríamos de ouvi-la novamente, porque temos pontos importantes a esclarecer sobre a investigação do caso.
Marcos Buss, delegado responsável pela investigação do caso

CÂMERAS REGISTRARAM VÍTIMA EM ELEVADOR
Luiz havia sido visto pela última vez no dia 17 de maio. Câmeras de segurança registraram o momento em que Luiz e Júlia deixam a piscina e entram no elevador. As imagens mostram que ele segura um prato. Ela, uma garrafa de cerveja. Em determinado momento, eles se beijam.

O corpo do empresário foi encontrado no sofá do apartamento. O imóvel fica localizado no Engenho Novo, na zona norte do Rio. Conforme o laudo do Instituto Médico Legal, o homem morreu de três a seis dias antes de o corpo ser encontrado. A causa da morte ainda não foi revelada.

Júlia teria permanecido no apartamento da vítima por dias. “Ela teria permanecido no apartamento da vítima com o cadáver por três ou quatro dias. Lá, teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, descido para a academia, se exercitado”, disse o delegado Marcos Buss. Para a polícia, o crime foi premeditado e teria interesse financeiro.

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