O dirigente sul-coreano considerou “preocupante” a Rússia, enquanto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e com poder de veto, arriscar violar uma resolução das Nações Unidas ao fornecer armas ou tecnologias militares à Coreia do Norte.
“Se isso acontecer, a Coreia [do Sul], o Japão e os Estados Unidos darão uma resposta firme”, disse o ministro, numa entrevista à Agência Lusa em Cambridge, à margem do Fórum Mundial sobre a Coreia, que se realizou no final da semana naquela cidade inglesa.
Kim Yung Ho fazia referência à cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, no cosmódromo russo de Vostochny, na região siberiana de Amur, há duas semanas.
No final do encontro, Putin afirmou que há espaço para a cooperação militar e espacial entre os dois países.
“Isto terá uma influência direta na segurança europeia e na segurança da Península Coreana”, avisou Kim, em declarações traduzidas por um assessor.
Esta situação vai levar Seul a “reforçar o sistema de coordenação com os Estados Unidos e o Japão para garantir uma resposta firme às potenciais ameaças à segurança na região”, prosseguiu.
O ministro, um professor de diplomacia política na Universidade Feminina de Sungshin, está desde o final de junho no cargo, o qual tem como missão a unificação das duas Coreias, aspiração inscrita na Constituição sul-coreana.
A nomeação de Kim pelo Presidente Yoon Suk Yeol foi criticada pelo Partido Democrata, da oposição, por ser considerado “uma escolha da extrema-direita”, noticiou então o Korea Times.
Numa crônica, Kim Yung Ho teria defendido que o caminho para a unificação seria possível quando o “regime do líder norte-coreano Kim Jong-un fosse derrubado e a Coreia do Norte fosse libertada”.
Mas o ministro garantiu à Lusa que o modelo que quer seguir não é de violência, mas de transição pacífica, referindo o caso da unificação da República Federal da Alemanha e da República Democrática da Alemanha, em 1990.
“O Governo da República da Coreia tentará imputar os valores da liberdade e dos direitos humanos na mente do povo norte-coreano” de forma a “capacitar os norte-coreanos e eles próprios vão procurar a liberdade e a paz”, salientou.
“Queremos criar uma Península Coreana unificada com liberdade e paz”, vincou.
O ministro considera que a aproximação entre Pyongyang e Moscou só mostra que a instabilidade na Península Coreana também pode afetar a segurança europeia, tal como a invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, desestabilizou o resto do mundo.
“A situação dos direitos humanos na Coreia do Norte é muito grave, pelo que é importante que o Governo coreano estabeleça um entendimento comum com países que compartilham valores semelhantes”, afirmou ainda, a propósito do interesse numa maior cooperação com a Europa.
Em agosto passado, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul realizaram uma cimeira inédita em Camp David, a residência de campo presidencial, próxima de Washington.
Na ocasião, foi alcançada uma “parceria trilateral”, com os três países a emitirem uma declaração a defender a democracia e a condenar as violações dos direitos humanos na Coreia do Norte e a comprometerem-se a compartilhar informações e coordenar respostas sempre que se verificar uma crise no Pacífico ou ameaças a cada um dos três Estados.
Na declaração conjunta do Presidente norte-americano, Joe Biden, do homólogo sul-coreano, Yoon Suk Yeol, e do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, os três manifestaram apoio a “uma Península da Coreia unificada, livre e em paz”.
“Queremos [alargar] este entendimento à Europa também”, concluiu Kim Yung Ho.
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