O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, afirmou nesta quinta-feira, 9, que o Comitê de Política Monetária (Copom) seguirá o ritmo de cortes de 0,50 ponto porcentual na Selic “se nada acontecer”. Na reunião deste mês, o colegiado reduziu a taxa básica de juros de 12,75% para 12,25%.
“Se nada acontecer, o Copom vai manter o atual nível de corte na Selic. Obviamente, o cenário pode piorar e podemos rediscutir ritmo nas reuniões”, afirmou em entrevista coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do primeiro semestre de 2023, divulgado mais cedo pelo Banco Central.
Questionado se as incertezas sobre as contas públicas podem voltar a figurar no balanço de riscos após o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, praticamente jogar a toalha sobre o zerar o déficit primário em 2024, o diretor se limitou a responder que o Copom reafirmou “de maneira clara”, sua preocupação em relação à questão fiscal.
“O comunicado e ata deixam claro o quanto é importante a meta fiscal. Se essa meta é um valor ou outro, passa a ser uma questão política que não está na minha alçada”, completou o diretor.
Durante a entrevista, Aquino ainda considerou “louvável e saudável” a aprovação na quarta-feira pelo Senado da reforma tributária.
Rotativo do cartão
O diretor de Fiscalização do Banco Central afirmou ainda que a autoridade monetária ainda não tem um estudo consolidado a respeito dos impactos das propostas de solução para os juros do rotativo do cartão de crédito sobre a situação financeira dos bancos.
“O BC é só árbitro, que não deve ter opinião sobre construção solução do mercado. Há muitas propostas na mesa sobre rotativo, e é preciso encontrar um consenso para que o BC leve uma proposta para o Conselho Monetário Nacional (CMN). É claro que qualquer solução terá sim impacto sobre o resultado dos bancos”, afirmou Aquino.
Ativos virtuais no mercado de câmbio
O diretor de Fiscalização do Banco Central disse ainda que a autoridade monetária deve apresentar em breve a proposta de regulamentação sobre o uso de ativos virtuais no mercado de câmbio e as operações interbancárias de câmbio. As medidas estão relacionadas ao novo marco cambial já em vigor.
“Todos estão esperando essa regulamentação e iremos apresentá-la nos próximos meses”, afirmou Aquino.