Saiba o que pode acontecer com Renato Cariani após conclusão de inquérito pela PF

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após dez meses de investigação, a Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito contra o empresário e atleta Renato Cariani, 47, sob a suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de produtos químicos para a fabricação de drogas como cocaína e crack.

Ele e mais duas pessoas -Roseli Dorth e Fábio Spinola Mota- foram indiciadas pelos crimes de tráfico equiparado, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.

“O indiciamento de Renato ocorreu há mais de 40 dias, antes mesmo de eu ter tido a oportunidade de prestar esclarecimentos. De igual forma, as conclusões da Autoridade Policial expostas no relatório são equivocadas, e vêm sendo contraditadas no curso do procedimento”, declarou o advogado do atleta, Aldo Romani Netto.

“Apresentamos ao juízo dezenas de documentos que comprovam que Renato jamais participou de qualquer atividade ilícita, e temos a certeza de que sua inocência será reconhecida pela Justiça”, acrescentou ele.

Na quarta-feira (31), quando confirmou a informação sobre a conclusão do inquérito, a reportagem buscou contato com a defesa dos outros citados, mas não conseguiu.

Entenda o caso e os próximos passos.

COMO SURGIU A INVESTIGAÇÃO DA PF?

As suspeitas tiveram início após a Receita Federal detectar depósito em dinheiro, no valor de R$ 212 mil, aparentemente feitos pela AstraZeneca. A empresa negou, porém, tal movimentação e também ligação com a empresa da qual o influenciador é sócio, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., localizada em Diadema, na Grande São Paulo.

Deu-se, então, início à inquirição.

Ao longo da apuração, Cariani apresentou troca de mensagens com um suposto funcionário do laboratório, Augusto Guerra. A análise telemática demonstrou, contudo, que teria sido Mota, amigo de Cariani, quem havia registrado um domínio na internet em nome da AstraZeneca, com extensão com.br, e criado um email em nome desse funcionário fantasma.

COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA?

A hipótese da polícia é que parte do material adquirido legalmente pela Anidrol era desviado para a produção de cocaína e crack. Para justificar a saída dos produtos, eram emitidas notas fiscais falsas e depósitos em nome de laranjas, usando indevidamente o nome da AstraZeneca.

Conforme a investigação, foram desviadas cerca de 12 toneladas de produtos como acetona, éter etílico, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina, substâncias utilizadas para transformar a pasta base de cocaína em pó ou em pedras.

“A gente não pegou a droga, porque essa informação só chegou para a gente em 2021. Então, os produtos já haviam sido desviados”, disse à reportagem o delegado Fabrizio Galli, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF.

HÁ IDEIA DE QUANTO DINHEIRO ESTÁ ENVOLVIDO?

A estimativa é que o esquema de desvios de produtos possa ter rendido ao grupo valores superiores a R$ 6 milhões.

Os documentos analisados abrangem o período de 2016 a 2020.

O QUE DIZ CARIANI?

Quando houve a operação da PF, em dezembro, o influenciador se manifestou por meio de vídeos publicados no Instagram.

Segundo ele, a empresa da qual é sócio tem mais de 40 anos e opera com todas as licenças necessárias.

“O importante é o seguinte: eu sei quem eu sou, a jornada que cumpro, sei muito bem disso. Quem tem empresa está fadado a esse tipo de situação. Estou tranquilo”, afirmou, em trecho do vídeo.

QUEM FOI INDICIADO PELA PF?

A Polícia Federal concluiu o inquérito no início deste ano.

Cariani, Dorth, que é sócia do influenciador na Anidrol, e Mota, apontado como membro do PCC, foram indiciados pelos crimes de tráfico equiparado, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.

O Código Penal brasileiro prevê pena de 3 a 10 meses de reclusão pelo primeiro delito, até 15 anos pelo segundo e de 3 a 10 anos pelo terceiro.

OS SUSPEITOS PODEM SER PRESOS?

Finalizado o inquérito, os agentes responsáveis pelo caso não pediram a prisão dos acusados. Todos respondem em liberdade.

À reportagem, o criminalista Davi Tangerino, professor de direito da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), afirma que as denúncias são de caráter hediondo e “podem levar à cadeia”.

Mota chegou a ser preso no início do ano passado, mas em outra operação da PF, a Downfall. Esta investigou um esquema de “tráfico internacional e interestadual de drogas, com diversas ramificações no país”. Para a polícia, ele seria o intermediário de Cariani com o PCC.

O QUE OCORRE APÓS O INDICIAMENTO?

O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de São Paulo, responsável por definir os próximos passos. A instituição pode, por exemplo, avaliar que existe a necessidade de novas diligências.

Outra possibilidade é a Promotoria considerar que os indícios coletados pela PF são insustentáveis e arquivar o inquérito.

Em um terceiro cenário, a Promotoria pode denunciar os suspeitos à Justiça, que decide se a aceita ou não. Caso seja aceita, eles se tornam réus e a Justiça dará continuidade à análise do caso.

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