Saiba como se proteger do mosquito da dengue em apartamentos e condomínios

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Entre 20 e 27 de janeiro, os casos confirmados de dengue na cidade de São Paulo subiram 79,4%. Para evitar a doença, é essencial interromper a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes Aegypti, eliminando água parada de recipientes que podem se tornar possíveis criadouros. Essa deve ser uma preocupação não apenas para quem mora em casas, mas também para pessoas que vivem em apartamentos.

Segundo especialistas, em condomínios, apartamentos nos andares mais baixos podem sofrer mais com os mosquitos. Mas isso não significa que os andares superiores estejam protegidos, já que o mosquito tem capacidade de dispersão.

Emy Gouveia, infectologista do Hospital Albert Einstein, explica que as recomendações para prevenção de focos de dengue em condomínios e apartamentos são as mesmas de casas térreas. “O pernilongo sobe pelo elevador. E também pode haver pontos de água parada dentro dos apartamentos, mesmo que eles sejam muito altos”, afirma.

Pneus encostados na garagem, pratos sob vasos de flores na varanda, garrafas e tampinhas no terreno, calhas, bueiros, caixas d’água descobertas, alguns tipos de geladeira que acumulam água na parte de trás, podem se tornar focos de dengue.

A infectologista conta que, em apartamentos, a diferença é que alguns pontos de água parada, como calhas e focos no terreno, não são de responsabilidade individual do morador. “Se você mora numa casa térrea, os focos de água parada estão mais próximos, ali no terreno, na calha da casa, em algum ponto da rua, algum bueiro. Mas quem mora num apartamento, não fica ali nas alturas para sempre. Então os cuidados não mudam”, explica.

Tamara Lima Camara, professora do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, explica que os andares mais baixos, geralmente, sofrem mais com a presença de mosquitos, já que “se o mosquito chega no primeiro ou no segundo andar e encontra tudo que ele precisa, que é o criador e a pessoa para sugar o sangue, ele não vai precisar subir para andares mais altos”. Mas isso não quer dizer que moradores de andares altos não precisem se preocupar com focos de dengue.

Segundo a bióloga, o mosquito apenas se dispersa para colocar os ovos, em água parada, e para se alimentar, sugando o sangue das pessoas.

Além disso, o Aedes aegypti tem, normalmente, atividade diurna. “Ele tem uns picos característicos que acontecem no crepúsculo matutino e no vespertino. São esses os momentos em que ele está mais ativo. Mas, é um mosquito oportunista, pode acontecer de ele picar ainda nas primeiras horas da noite”, declara.

DENGUE EM APARTAMENTOS

Camara entende que, em apartamentos, é possível reforçar a proteção de forma mais específica nos cômodos. “Uma das formas de proteção é aquele repelente de parede que vai ser específico para aquele cômodo”, afirma.

Segundo a bióloga, o uso de ventilador e ar-condicionado também pode ser eficaz na prevenção da dengue. “No caso de ventiladores, o vento, por si só, impede o pouso do mosquito. Para picar, ele precisa pousar na pele e procurar o vaso sanguíneo”, afirma. “O ventilador ajuda a reduzir as picadas, por meio de um fator mecânico.”

Já o ar-condicionado, por reduzir a temperatura, inibe a atividade do mosquito. “Ele acaba ficando mais inibido de buscar hospedeiro para se alimentar em temperaturas mais baixas”, explica Camara.

A bióloga também indica telas mosquiteiras nas janelas para impedir a entrada de insetos nos apartamentos. “Você impede a entrada do mosquito pelos locais que têm a telas. Isso não quer dizer que a pessoa não pode chegar da rua, abrir a porta e o mosquito entrar no apartamento. Mas ter as janelas teladas diminui muito a entrada dos mosquitos”, diz.

SINTOMAS DA DENGUE

Alguns sintomas da dengue são: febre, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor no corpo, náuseas, manchas e até hemorragias. Em alguns casos, a doença também pode ser assintomática. Gouveia afirma que alguns sinais de gravidade são: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, irritabilidade, perda de consciência, entre outros agravantes.

Em caso de suspeita de dengue, a infectologista indica que a pessoa procure atendimento médico. “Toda pessoa que tem um quadro clínico sugestivo tem que procurar atendimento médico para fazer uma avaliação clínica, ver se precisa de hidratação. Quem vai determinar isso é o médico, então, na suspeita, é preciso procurar atendimento”, afirma.

Para dengue, Gouveia explica que não há nenhuma terapia específica, como um antiviral, “o tratamento é realizado com hidratação e medicamentos para dor e febre. Mas é importante que a pessoa não se automedique e procure auxílio médico”.

Gouveia destaca que, em caso de suspeita de dengue, anti-inflamatórios não devem ser utilizados. “Recebemos aqueles alertas nas propagandas de medicação para dor e febre: ‘esse medicamento é contraindicado em casos de suspeita de dengue’. As pessoas têm que ter atenção em relação a isso e procurar assistência”, relembra. Segundo a infectologista, esses remédios podem aumentar o risco de sangramentos, se o quadro de dengue for confirmado.

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