Rio quer pedir na Justiça fim da cobrança de juros de dívida pela União

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou nesta segunda-feira (11) que pretende iniciar um disputa judicial para impedir a União de cobrar juros sobre a dívida do Estado.
Ele afirma ter elaborado a tese de que, por não ser uma instituição financeira, o governo federal não poderia cobrar juros, mas apenas a atualização financeira do passivo até o limite da inflação.

O governador declarou ter recebido o aval de cinco ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o entendimento.

“A União não tem capacidade jurídica para cobrar juros. A União não é uma instituição financeira. Por isso ela tem bancos públicos. Se ela fosse instituição financeira, ela não precisaria ter o BNDES, a Caixa Econômica, o Banco do Nordeste”, disse ele, durante almoço de fim de ano com jornalistas.

“Quem não é instituição financeira só poderia cobrar mora, que é a atualização financeira no limite da inflação. Isso praticamente zeraria nossa dívida, já que ela é basicamente juros. É um debate que o Rio de Janeiro tem levantado. Já conversei com cinco ministros do Supremo e todos concordaram. Será o debate que o Rio de Janeiro tem que trabalhar duramente neste ano.”

O estado foi o primeiro a aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, em 2017, tendo renovado suas bases em 2021.

Atualmente, Castro e governadores dos demais estados que aderiram ao plano -Goiás e Rio Grande do Sul- defendem uma alteração das regras do plano.

Eles alegam que algumas medidas adotadas pela União inviabilizaram o cumprimento de seus planos -entre elas, o corte forçado nas alíquotas de ICMS sobre combustíveis e energia elétrica no governo Jair Bolsonaro (PL), que gerou um desfalque bilionário.

Uma das mudanças centrais é a ampliação da duração do regime de 9 para 12 anos. Assim, a retomada dos pagamentos da dívida com a União será feita de forma ainda mais gradual.

Castro afirmou ter recebido do ministro Fernando Haddad o compromisso de solução sobre o impasse no primeiro trimestre. Ainda assim, afirmou não abrir mão da discussão sobre a legalidade dos juros cobrados pela União.

“A discussão do regime passa pela discussão da dívida. Eu não vou cometer o erro de discutir separado. Eu só tenho o regime graças à dívida, então o pessoal vai discutir no regime sem discutir a dívida”, disse ele.

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