SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As autoridades britânicas começaram a deter migrantes para enviá-los para Ruanda nas próximas semanas, informou o governo na quarta-feira, preparando o terreno para iniciar a política de imigração principal do primeiro-ministro Rishi Sunak.
Na terça-feira passada, o Parlamento britânico aprovou uma lei que permite expulsar para Ruanda migrantes que chegaram de maneira irregular a seu território. O governo conservador do primeiro-ministro prevê iniciar as deportações antes de julho, entre nove e 11 semanas.
Mais de 7.500 migrantes chegaram à Inglaterra em pequenos barcos da França este ano, e o governo diz que a política vai dissuadir as pessoas de fazer a perigosa jornada pelo Canal da Mancha. Cinco estrangeitos morreram tentando fazer a travessia na semana passada.
Organizações de direitos humanos e sindicatos contrários à política devem lançar novos desafios legais para impedir que os voos decolem com os estrangeiros, depois que a Suprema Corte do Reino Unido declarou a política ilegal no ano passado.
Imagens divulgadas pelo Ministério do Interior britânico na quarta-feira mostraram um homem sendo colocado em uma van por oficiais de fiscalização de imigração e outro sendo levado para fora de sua casa algemado.
“Nossas equipes de fiscalização dedicadas estão trabalhando rapidamente para deter prontamente aqueles que não têm o direito de estar aqui para que possamos fazer os voos decolarem”, disse o ministro do Interior, James Cleverly, em um comunicado na quarta-feira.
A Care4Calais, uma instituição de caridade para refugiados, disse que as detenções começaram na segunda-feira. Um porta-voz disse que a linha direta do grupo recebeu chamadas de “dezenas de pessoas”, acrescentando que ainda não sabiam quem seria designado para o primeiro voo de deportação, nem quando seria.
O Reino Unido enviou para Ruanda seu primeiro solicitante de asilo, sob um esquema voluntário, informou o jornal The Sun na terça-feira, um programa separado da política de deportação.
“As pessoas estão muito assustadas”, disse Natasha Tsangarides, diretora associada de Advocacia da instituição de caridade Freedom from Torture, dizendo que o medo de ser detido e enviado para Ruanda levaria algumas pessoas a se esconder e se desvincular de seu sistema de apoio.
O Ministério do Interior teria classificado erroneamente algumas crianças como adultos. Com isso, algumas delas, que estejam desacompanhadas e solicitaram asilo, também correm o risco de serem enviadas para Ruanda.
O governo nega. Mas se alguma delas for classificada como adulta, poderá ser deportada país da África Oriental.
De acordo com dados do Conselho de Refugiados, seis pessoas com idade contestada com as quais eles têm trabalhado foram detidas em centros de detenção de imigração para adultos.
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