Quais foram as melhores óperas e concertos feitos no Brasil em 2023

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ano de 2023 teve ótimas oportunidades para apreciadores de música erudita no Brasil, dando sequência a uma boa onda de convidados às tradicionais casas de São Paulo, incluindo o Theatro Municipal, o Theatro São Pedro e a Sala São Paulo, com apresentações da Osesp.

Foi o caso do privilegiado recital do pianista húngaro-britânico András Schiff e sua programação surpresa, a execução do maior concerto da história no Beethoven-Fest e as interpretações de Debussy por JoAnn Falleta e Jean Efflam-Bavouzet.

Na interlocução com as artes cênicas, a temporada de ópera foi notável com obras de Giacomo Puccini e Richard Wagner, que não era montado na cidade há dez anos, além de estreias como “Isolda/Tristão”, de Clarice Assad, “O Machete”, de André Mehmari, baseada no conto de Machado de Assis, além da montagem polêmica de “O Guarani”, de Carlos Gomes, levando os povos indígenas para o centro do Municipal sob a supervisão de Ailton Krenak.

A Folha de S.Paulo convidou três colaboradores da área para que, cada um, desse sua opinião sobre qual foi a apresentação que marcou 2023, entre óperas e concertos.

Gustavo Zeitel
Repórter

ÓPERA

‘La Fanciulla del West’, de Giacomo Puccini
No Theatro Municipal de São Paulo
Uma ópera “comme il faut”. Engenhoso trabalho, em que o maestro Roberto Minczuk e a diretora Carla Camurati não buscaram melhorar Puccini. Resolveram apresentar tão somente a sua obra, assim, inteira, opulenta em sua simplicidade. A soprano Daniela Tabernig e o tenor Enrique Bravo cantaram para dedéu.

CONCERTO

Recital de Jean-Efflam Bavouzet
Na Sala São Paulo
Uma aula de música. Em um recital intimista, com a plateia ladeando o piano, Bavouzet apontou caminhos para o futuro da música de concerto. O didatismo de suas explanações não incomodou, só tornou ainda mais interessante a apresentação em três tempos sobre três concepções distintas do tempo: a de Chopin, a de Debussy e a de Boulez. O pensamento musical emocionou.

Sidney Molina

Músico, professor e crítico

ÓPERA

‘O Guarani’, de Carlos Gomes
No Theatro Municipal de São Paulo
Em torno da (desnecessária) polêmica que envolveu a montagem assinada por Ailton Krenak e Cibele Forjaz, sobressai-se uma versão com elenco adequado, sem concessões musicais, que comenta teatralmente a história original sem renunciar às riquezas musicais.

CONCERTO

Recital András Schiff
Temporada Cultura Artística na Sala São Paulo
Sem ter o repertório anunciado previamente, o programa foi se costurando em tempo real, diante do público. O pianista juntou o jovem Bach ao velho Brahms; passou pelos amigos Schumann e Mendelssohn; e introduziu um inesperado Beethoven ao final. A experiência segue viva na memória.João

Batista Natali

Jornalista e colunista da Folha

ÓPERA

‘O Guarani’, de Carlos Gomes
No Theatro Municipal de São Paulo
Essa ópera faz parte da cultura interna do teatro, mas desta vez, como diferencial, na parte cênica houve uma tentativa radical de construir o espetáculo do ponto de vista do indígena. O personagem Peri não foi mais um travestimento cultural. O grande responsável pelo procedimento foi Ailton Krenak, co-responsável pela montagem.

CONCERTO

Temporada Osesp: Giancarlo Guerrero e Fabio Martino
Sala São Paulo
A Osesp, regida pelo costarriquenho radicado nos Estados Unidos Giancarlo Guerrero, e como solista, ao piano, o jovem brasileiro Fábio Martino. O ponto alto foram as “Fantasias Brasileiras”, números 3 e 4, de Francisco Mignone.

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