Putin ordena que mercenários assinem juramento de lealdade à Rússia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dias após a queda de um avião do líder mercenário Ievguêni Prigojin, o presidente Vladimir Putin ordenou nesta sexta (25) que os combatentes do Grupo Wagner assinem um juramento de lealdade à Rússia.

Prigojin comandava o grupo paramilitar Wagner e esteve à frente de um motim fracassado contra a cúpula de Putin em junho. O nome do mercenário constava na lista de passageiros que embarcaram no avião, e o Kremlin disse que a confirmação de seu destino será feita após a realização de exames genéticos.

O decreto assinado por Putin tem efeito imediato e determina o juramento formal e obrigatório ao Estado russo dos integrantes do Wagner e de outros grupos mercenários. A medida foi publicada no site do Kremlin e, segundo especialistas, coloca os combatentes sob um controle estatal mais forte.

A nova legislação descreve o juramento como um passo para forjar os “fundamentos espirituais e morais da Defesa russa”. Ao assinarem o texto, os mercenários se comprometem a “seguir rigorosamente” as ordens de seus comandantes e líderes seniores da Rússia.

Após a queda do avião, na última quarta (23), políticos ocidentais sugeriram, sem apresentar provas, que Putin ordenou a morte de Prigojin em vingança ao motim lançado contra a cúpula do Exército russo em junho, no maior desafio ao presidente da Rússia desde que ele chegou ao poder, em 1999.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, rebateu as acusações nesta sexta, descrevendo-as como falsas. “Há agora muita especulação em torno deste acidente de avião e das trágicas mortes dos passageiros, incluindo Prigojin. É claro que, no Ocidente, toda a especulação é apresentada de um ângulo bem conhecido”, afirmou. “Tudo isso é uma mentira […]. Precisamos nos basear em fatos. Ainda não há muitos fatos. Eles precisam ser apurados no decorrer das ações investigativas.”

Investigadores russos iniciaram uma investigação sobre o incidente com o avião, mas ainda não informaram as suspeitas sobre os motivos da queda repentina, tampouco confirmaram as identidades dos corpos recuperados. Questionado se o Kremlin confirmava a morte de Prigojin, Peskov desconversou.

“Se você ouviu atentamente a declaração do presidente russo, ele disse que todos os testes necessários, incluindo testes genéticos, serão realizados agora. Os resultados oficiais serão publicados assim que estiverem prontos”, disse Peskov, sem anunciar uma data para a divulgação dos resultados.

O porta-voz do Kremlin disse ainda que Putin não encontrou Prigojin recentemente e que não sabe se o presidente russo irá a um possível funeral do líder mercenário. “É impossível falar sobre isso. A única coisa que posso dizer é que o presidente tem uma agenda bastante ocupada no momento”, disse.

Antes, na quinta (25), Putin fez um pronunciamento sobre a queda do avião, durante o qual ofereceu condolências e disse que Prigojin havia “cometido sérios erros”. O presidente russo mencionou “informações preliminares” que indicavam o embarque de Prigojin na aeronave. Além de o nome do mercenário estar na lista de passageiros, seu telefone celular foi encontrado em meio aos destroços, de acordo com o Greyzone, canal afiliado ao Wagner no aplicativo de mensagens Telegram.

A inteligência militar britânica disse na sexta que ainda não havia provas definitivas de que Prigojin estivesse a bordo, mas que era “altamente provável” que ele estivesse morto. Já o governo dos Estados Unidos descartou que a queda do avião tenha sido causada por um míssil lançado do território russo.

Segundo os EUA, O que é possível dizer, a partir da análise de dados e de um vídeo mostrando parte do incidente, é que houve um evento catastrófico a bordo, que avariou severamente a aeronave em voo.

O jato executivo Embraer Legacy 600 voava normalmente de Moscou a São Petersburgo até os 32 segundos finais de sua rota, em que a aeronave ficou instável antes de se estatelar na região de Tver, 160 km a noroeste da capital russa, no início da noite de quarta-feira (23, início da tarde no Brasil).

Questionado sobre o futuro do Grupo Wagner, que tem uma série de contratos na África, o porta-voz do Kremlin, Peskov, foi conciso. “Não posso te contar nada agora, não sei”, disse ele.

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