Prost fala sobre Senna e diz que era subestimado: ‘Em corridas, eu era mais rápido’

LUCIANO TRINDADE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Alain Prost, 68, costuma refletir sobre como será lembrado por gerações futuras de fãs de automobilismo. Tetracampeão mundial de F1, quinto piloto com mais vitórias na história da categoria, com 51 triunfos, ou “apenas” o grande rival de Ayrton Senna são as marcas mais lembradas em relação ao francês, embora, nas comparações com o brasileiro, ele diz se sentir, em geral, subestimado.

“Parece uma piada, mas eu sou completamente subestimado. Eu sei disso. Eu posso ver. Não sei por que, mas é minha marca de certa forma”, disse ele em entrevista à revista Motor Sport.
“Isso parece que vai permanecer assim para sempre, faz parte da história,” adicionou o francês. “Olhe para os meus outros companheiros de equipe: [John] Watson, [René] Arnoux, [Eddie] Cheever, Niki [Lauda], Keke [Rosberg], Stefan [Johansson], Nigel [Mansell], Jean [Alesi] e Damon [Hill]. Ninguém fala sobre eles. Eu tive cinco campeões mundiais como companheiros de equipe, então é uma pena.”

Prost, no entanto, reconhece que Senna foi o companheiro de equipe que mais o desafiava. Tanto que, ele diz, após a chegada do brasileiro à equipe McLaren, em 1988, o francês já previa que “teria um ano difícil”, sem margem para erros ou tempo para “curtir as corridas”.
“Quando o Senna chegou, a gente atingiu um alto nível de atuação e obviamente você aproveita um pouco menos. Eu realmente sofri muito, então você não pode aproveitar da mesma forma.”

Os dois foram companheiros ao longo de duas temporadas, em 1988 e 1989, período em que construíram uma intensa rivalidade. No primeiro ano, o brasileiro conquistou o título da F1, o primeiro de seus três. No segundo ano, o francês levou o troféu após o polêmico desfecho daquele campeonato, quando ele bateu no carro de Senna na última corrida.

Em 1990, quando o Prost passou a correr pela Ferrari, Senna deu o troco, praticamente, da mesma forma e ganhou o seu segundo troféu após um acidente com o francês no mesmo circuito de Suzuka, no Japão.

“Hoje você tem redes sociais e todo mundo está voltando para os vídeos das nossas lutas. Às vezes eu não entendo. Minha carreira não durou apenas dois ou três anos”, disse Prost.

Episódios como aqueles ocorridos no Japão, no entanto, ajudaram a conectar as histórias dos dois pilotos de tal forma que é quase impossível narrar a trajetória de um sem citar o nome do outro. Daí as inevitáveis comparações, feitas até mesmo pelo próprio Prost.
“Ayrton representou mais brio. Eu era o ‘professor’, clínico. Ele era ‘místico’ e as pessoas gostavam disso”, disse ele à Motor Sport.

Ao ser questionado se em algum momento o talento de Senna havia o impressionado, Prost fez questão de defender suas habilidades.
“Quando ele me impressionou? Devo dizer que às vezes foi na qualificação, não me lembro exatamente quando. Nunca em condições de corrida. Nunca. Em condições de corrida, no aquecimento, na maioria das vezes fui mais rápido”, assegurou.

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