Um professor numa escola de ensino básico na Geórgia, nos Estados Unidos, foi detido na semana passada depois de ser acusado de ter ameaçado violentamente uma aluna do sétimo ano, por ela ter dito que a presença da bandeira de Israel na sala de aulas era ofensiva para ela, tendo sido acusado de ameaças terroristas e de crueldade para com um menor de idade.
Segundo relevaram as autoridades do condado de Houston, o incidente ocorreu no último dia 7 de dezembro na escola Warner Robins Middle School, numa aula lecionada por Benjamin Reese, que foi detido no dia seguinte.
Os testemunhos de 18 alunos e de vários outros professores e adultos, que ouviram os comentários de Reese, afirmam que o professor gritou com a aluna, disse que ela era “antissemita”, que lhe “cortava a cabeça” e ainda a ameaçou que lhe cortava a garganta, antes de a arrastar para fora da escola.
A reação do professor surgiu depois de a aluna e de outros dois amigos terem reparado na bandeira israelita no interior de uma sala de aula, nos Estados Unidos, um fato que consideram impertinente e até ofensivo para com outras pessoas, especialmente muçulmanas. A criança, de cerca de 12 anos, questionou o professor e este respondeu-lhe que “era judeu e tem familiares que ainda vivem” nos territórios israelitas, segundo consta do relatório da polícia, citado pela NBC News.
A aluna apontou que as forças israelitas estão matando civis palestinos, como tinha visto nas notícias, pelo que Reese perguntou se a aluna negava o direito de existência do estado de Israel, acusando-a de ser antissemita – uma classificação que tem sido repetida e usada por muitos apoiantes das forças israelitas e do governo de Benjamim Netanyahu, que acusam qualquer forma de crítica contra Israel de antissemitismo, mesmo quando o assunto tenha pouco que ver com a comunidade judaica.
Os alunos saíram da sala seguidos por Reese, que continuou gritando insultos ao grupo pelos corredores do estabelecimento escolar.
Benjamin Reese, a teacher in Georgia, USA, has been arrested and accused of threatening to behead a 12-year-old who said that the presence of Israel’s flag in his class was offensive.
The story has been out almost 24 hours and no coverage from national or international news. pic.twitter.com/dTQZOicWt0
— Lowkey (@Lowkey0nline) December 14, 2023
O agente de serviço e o diretor confrontaram o professor, que reiterou a crítica de “antissemitismo” contra a aluna e que garantiu que não dissera nada racista.
O distrito escolar comentou na sexta-feira, em comunicado, que o professor não voltou à escola desde o incidente e recordou que os docentes devem seguir um código de conduta, no qual é proibido insultar alunos, garantindo que o caso está sendo investigado. “A segurança e bem-estar dos nossos alunos e funcionários é a nossa prioridade”, sublinhou o distrito escolar de Houston County.
Reese foi libertado no domingo após o pagamento de uma fiança de 7.500 dólares e o seu advogado, requerido ao Estado, não fez comentários.
O episódio é o mais recente caso que exemplifica o aumento do discurso islamofóbico nos Estados Unidos e um pouco por todo o mundo, em resposta à situação no Oriente Médio. A defesa do estado israelita após os ataques do Hamas, do dia 7 de outubro, mesmo durante os bombardeamentos incessante sobre a população palestiniana na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada, tem aumentado as tensões nas comunidades muçulmanas e judaicas globalmente, especialmente nos EUA, o país com a maior diáspora judaica no mundo.
Além do crescimento de incidentes antissemitas contra judeus, têm sido registados inúmeros casos de racismo, de violência e de agressões contra pessoas muçulmanas ou cujos atacantes presumiram ser muçulmanas. Um dos primeiros ocorreu em Chicago, quando um senhorio de uma família palestino-americana assassinou uma criança de seis anos, esfaqueando-a com vários golpes e ferindo gravemente a mãe.
No final de novembro, três estudantes de origem palestina foram baleados em Vermont por usarem o tradicional lenço palestino, conhecido como keffiyeh, que tem sido usado como um símbolo de apoio e de solidariedade para com a luta pela libertação dos territórios da Palestina.
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