Presença de Yane na chefia da missão Los Angeles-28 entusiasma atletas mulheres

LUCIANO TRINDADE
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Ao longo de sua carreira, Yane Marques, 41, acostumou-se com o ineditismo. Foi a primeira sul-americana a conquistar uma medalha olímpica no pentatlo moderno, com seu bronze nos Jogos de Londres-2012, até hoje o único pódio do Brasil na modalidade. Também chegou a ser a número dois do mundo na modalidade, posição que jamais fora ocupada por um brasileiro.

 

Agora, é como vice-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) que ela se destaca. Nascida na pequena Afogados da Ingazeira, cidade do sertão de Pernambuco, a 377 km do Recife, a ex-atleta é a primeira mulher a ocupar o segundo posto mais alto na hierarquia do comitê.

Ela vai acumular a função de chefe de missão da delegação brasileira nos Jogos de Los Angeles, em 2028.

A chegada de Yane à entidade, na chapa encabeçada por Marco Antônio La Porta, foi uma indicação da Cacob (Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil), da qual ela era presidente até 2024, quando se afastou justamente para concorrer ao cargo no COB.

Com a vitória no pleito, ela precisou se afastar da prefeitura do Recife, onde esteve por oito anos à frente da secretaria-executiva de esportes da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer.

“Minha experiência de vida como atleta, somada à minha experiência na gestão pública, à presidência da Comissão de Atletas, tudo isso me ajudou muito a entender de maneira melhor as áreas do COB. Somando isso tudo, eu tive coragem para encarar este desafio”, disse Yane à reportagem.

Um evento no Rio de Janeiro no último dia 30 reuniu atletas, ex-atletas e diferentes entidades para celebrar a nova diretoria do comitê. Na ocasião, a pernambucana usou seu discurso para convidar outras mulheres a ocupar espaços que “tradicionalmente são ocupados por homens”.

A mensagem animou as atletas presentes. Para a ginasta Jade Barbosa, medalha de bronze na disputa por equipes nos Jogos de Paris-2024, o cargo alcançado por Yane reflete um esforço que muitas mulheres têm feito nos últimos anos em busca de igualdade.

“Essa luta não começou hoje, ontem, anteontem, são muitos anos para a gente conquistar. Então, é mais uma dessas conquistas”, disse. “Agora, a gente sabe que o caminho que vai ser feito realmente é algo que vai ser direcionado [também para as mulheres]. Não é que seja igualitário, mas vai cumprir exatamente as necessidades de cada um.”

Aos 33 anos, Jade almeja disputar a próxima edição dos Jogos Olímpicos. Seria sua quarta participação depois de Pequim-2008, Rio de Janeiro-2016 e Paris-2024. Seu vitorioso histórico, que inclui conquistas em Mundiais, Jogos Pan-Americanos e Jogos Sul-Americanos, é, segundo ela, resultado de um trabalho que teve muitas mulheres como referência.

“Dentro da minha história como ginasta, eu sempre tive ao meu lado mulheres fortes, a coordenadora do meu clube, a nossa presidente da confederação [Maria Luciene Cacho Resende, presidente da CBG]… Elas fizeram e fazem diferença na minha vida”, afirmou.

“Por isso, estamos felizes com a Yane. Eu me sinto muito representada”, acrescentou.

Nos próximos anos, a ex-atleta do pentatlo moderno terá papel de destaque em grandes eventos. Além de chefiar a missão da delegação brasileira nos Jogos de Los Angeles-2028, ela vai comandar as delegações do Brasil nos Jogos Sul-Americanos (2026) e nos Jogos Pan-Americanos (2027).

“Estou muito feliz com esses desafios e também estou tranquila porque tenho muito tempo até os Jogos de Los Angeles para me preparar e ser uma excelente chefe de missão”, afirmou a ex-atleta, que é formada em educação física e tem pós-graduação em gestão pública.

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