SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um policial de Seattle, nos Estados Unidos, foi gravado pela câmera corporal de seu uniforme fazendo piada com a morte de uma mulher atropelada por outra viatura da polícia.
“Ela tinha valor limitado”, diz na gravação o agente Daniel Auderer, entre risos, sugerindo que a cidade deveria apenas fazer um cheque. “Onze mil dólares. Afinal, ela tinha 26 anos.”
A vítima, na verdade, tinha 23 anos. Seu nome era Jaahnavi Kandula. Ela tinha ascendência indiana e morava em Seattle para concluir um mestrado em sistemas de informação na Northeastern University.
O atropelamento ocorreu em 23 de janeiro, mas a gravação só foi tornada pública pelo departamento de polícia nesta semana. O agente gravado fazendo piada com a morte de Kandula é vice-presidente do Sindicato dos Policiais de Seattle e especialista em narcóticos. Ele havia sido chamado para avaliar se um colega envolvido no acidente estava sob efeito de substâncias ilícitas.
Esse colega era Kevin Dave, que atropelou e matou a vítima quando ela estava em uma faixa de pedestres. Segundo o jornal The Seattle Times, ele dirigia a 119 km/h para atender a uma chamada de emergência por overdose.
A fala de Auderer foi registrada quando ele deixou a câmera corporal ligada e foi relatar a ocorrência ao presidente do sindicato, Mike Solan.
Embora nem Auderer nem Solan tenham comentado o caso, de acordo com a Associated Press, o apresentador de uma rádio da cidade obteve uma declaração escrita do policial ao Gabinete de Responsabilidade Policial de Seattle.
No texto, o oficial diz que seus comentários foram mal interpretados e que estava imitando como os advogados da cidade supostamente tentariam minimizar a responsabilidade pela morte de Kandula.
“Eu zombei do ridículo de como esses incidentes são judicializados”, disse Auderer, segundo a imprensa local, acrescentando que, em incidentes anteriores, os casos também foram tratados de forma “ridícula”.
Ele ainda diz na declaração que quem ouvisse somente o seu lado da conversa poderia supor que ele estava sendo “insensível à perda de uma vida humana”, mas que o comentário não foi feito com más intenções. Segundo o policial, o presidente do sindicato, com quem ele conversava, também lamenta a morte de Kandula.
O caso está sendo investigado por um órgão de fiscalização da cidade e segue de modo confidencial. A Procuradoria do condado de King abriu uma investigação criminal do acidente.
Um tio de Kandula, morador de Houston, providenciou o envio do corpo da sobrinha para a mãe, que vive na Índia. “A família não tem nada a dizer”, disse ele ao The Seattle Times. “Exceto que eu me pergunto se as filhas ou netas desses homens têm valor. Uma vida é uma vida”.
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