Polícia da Coreia do Sul faz nova tentativa de prender presidente afastado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A polícia da Coreia do Sul fez nesta terça-feira (14) outra tentativa de executar um mandado de prisão contra o presidente Yoon Suk Yeol, afastado do cargo pelo Parlamento depois de um processo de impeachment. Até às 20h50 (de Brasília), ele não não havia sido preso -mas seus advogados de defesa negociavam sua rendição, segundo a imprensa local.

 

Apoiadores do político voltaram a barrar a entrada das forças de segurança à residência oficial do presidente, numa tentativa de impedir a prisão. Diante dos tumultos, o chefe do gabinete anticorrupção responsável pelo inquérito, Oh Dong-woon, disse à imprensa que executaria o mandado “custe o que custar” -autoridades estimam que cerca de 6.500 apoiadores foram ao local, enfrentando pouco mais de 3.000 policiais.

A Justiça sul-coreana aprovou a prisão de Yoon no âmbito da investigação contra ele por suposta insurreição -as autoridades apuram se o presidente cometeu esse crime ao decretar lei marcial e suspender os direitos políticos do país em uma tentativa de autogolpe em dezembro.

O crime de insurreição é um dos poucos contra os quais um presidente sul-coreano não tem imunidade. O caso pode resultar em uma sentença de prisão perpétua ou mesmo pena de morte, embora o país não execute ninguém desde 1997.

Ainda que esteja afastado do cargo, Yoon tecnicamente ainda é presidente da Coreia do Sul até que o Tribunal Constitucional, órgão judicial máximo do país, decida se chancela ou anula a decisão da Assembleia Nacional -por isso, ele ainda mora na residência oficial e tem uma equipe de segurança ao seu dispor.

Imagens da televisão sul-coreana mostram policiais tentando afastar uma multidão de apoiadores e acessar o imóvel pela porta da frente e pelos fundos. Yoon não deixa a residência oficial há semanas e se cercou de seguranças. A defesa do presidente afastado diz que a ordem de prisão é ilegal e tem o objetivo de humilhá-lo politicamente.

Entre os apoiadores que obstruem o trabalho dos policiais estão parlamentares do partido de Yoon e seus próprios advogados de defesa. Além disso, membros da equipe de segurança do presidente utilizaram veículos para montar uma série de barricadas e impedir o acesso à residência -a polícia prendeu na terça o chefe da guarda presidencial, Kim Sung-hoon, por impedir o cumprimento do mandado.

No último dia 3, a polícia e autoridades que investigam o caso tentaram prender Yoon, sem sucesso. Após um tenso impasse de seis horas de duração, os agentes desistiram de cumprir o mandado devido à resistência dos guardas presidenciais.

No último dia 7, a Justiça emitiu um novo mandado de prisão. A justificativa para a ordem é a recusa de Yoon de prestar depoimento e colaborar com a investigação -o presidente faltou diversas vezes a interrogatórios.

As autoridades avisaram aos apoiadores de Yoon reunidos em frente à residência oficial que resistir à polícia pode resultar em prisões e acusações, mas eles continuaram gritando palavras de ordem e exibindo cartazes.

A maioria das mensagens fez referência à teoria da conspiração disseminada pelo presidente de que as eleições de 2024, na qual o partido governista virou minoria na Assembleia Nacional, foram fraudadas -não há qualquer evidência nesse sentido.

Ainda assim, a suposta fraude foi uma das razões utilizadas por Yoon para justificar a tentativa de autogolpe em dezembro passado, quando o presidente tentou utilizar as Forças Armadas para fechar o Parlamento e deu início à mais grave crise política do país asiático em décadas.

Nesta terça, Yoon faltou pela segunda vez a uma audiência do Tribunal Constitucional que julga seu impeachment. Os advogados do presidente afirmam que as tentativas do gabinete anticorrupção de prendê-lo o impedem de se defender no caso que determina se ele será removido do cargo.

A próxima audiência do caso está marcada para quinta-feira (16). O chefe interino da Justiça, Moon Hyung-bae, afirmou que, se Yoon também não comparecer a ela, o processo seguirá com seus advogados o representando.

Do lado de fora do tribunal, um desses advogados, Yoon Kab-keun, disse que o presidente afastado decidirá se estará ou não presente na audiência após discussões sobre sua estratégia de defesa.

O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul tem 180 dias para decidir se remove Yoon do cargo ou se restaura seus poderes presidenciais.

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