PM contabiliza 16 cracolândias e mais de 300 usuários de drogas na Baixada Santista

(FOLHAPRESS) – O comandante do policiamento da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, em São Paulo, afirmou durante a CPI Epidemia do Crack, na Assembleia Legislativa, que sua área de atração possui cerca de 16 cracolândias espalhadas em sete municípios litorâneos.

A declaração ocorreu em agosto de 2023, mas foi publicada no Diário Oficial da última quarta-feira (10), junto com as informações finais da comissão parlamentar, que entre outras pessoas ouviu o diretor do Denarc (departamento de narcóticos) e o delegado responsável pela região da cracolândia na capital.

Segundo o coronel Leandro Pereira Lima, mesmo com o número alto, as cidades estão longe do que é visto em São Paulo. “Isso não quer dizer que não haja consumo de entorpecente em vias públicas em outros locais, esses locais são os locais em que eles se reúnem em maior número, mas basta a gente andar pela orla da praia desses municípios que a gente vai encontrar pessoas usando drogas em todos os locais, inclusive crianças. São pessoas que precisam de ajuda”, declarou o policial, segundo descrito no Diário Oficial.

Conforme Lima, somente a Praia Grande possui quatro pontos de cenas abertas de uso de drogas, com um total de cerca de 50 dependentes químicos.

Na avenida do Trabalhador e em uma via do bairro Vila Sônia foram contabilizados 15 consumidores de drogas em cada uma delas. Outras cerca de 20 pessoas estão espalhadas em dois locais: a rua da Periferia (10) e uma rua no Jardim Marília (10).

A Prefeitura de Praia Grande declarou realizar diversas ações nas áreas da Segurança, Social e Saúde relacionadas ao combate contra o consumo e uso de drogas. “A Administração Municipal explica ainda que não identifica como ‘cracolândias’ as ocorrências em determinados pontos da cidade.”

O município disse contar com serviços de abordagem social e desenvolve o mapeamento e a busca ativa que identifica nos territórios a incidência de pessoas em situação de rua, realizando a sensibilização para que elas busquem o Centro Pop e o Abrigo Solidário.

De acordo com os dados divulgados pelo oficial, Guarujá é a cidade com mais dependentes químicos mapeados: aproximadamente 80.

Entre 30 e 50 pessoas se concentram no cruzamento da avenida da Saudade com a rua Santo Antônio, no Jardim São Miguel, enquanto outras 30 usariam drogas em uma via na Vila Baiana.

Em nota, a Prefeitura de Guarujá afirmou promover a Operação Dignidade, que consiste na abordagem das pessoas em situação de rua e, quando elas são identificadas como dependentes químicas, são ofertados serviços como: acolhimento, atendimentos de saúde e recâmbio, nos casos de quem não é da cidade e manifesta desejo de voltar à terra natal.

A cidade de Santos seria a segunda em quantidade de usuários de drogas monitorados pela PM (55).

Eles estariam concentrados em dois endereços: cerca de 30 pessoas na rua Doutor Gaspar Ricardo, nas proximidades de um túnel por onde transita o VLT e já no limite com a vizinha São Vicente, e outras 25 nas proximidades do Mercado Municipal de Santos.

Em nota, a gestão municipal afirmou que na rua Doutor Gaspar Ricardo atendeu a pedidos de moradores e comerciantes e revitalizou o local, onde foi construída uma área de lazer e a Guarda Civil Municipal mantém efetivo 24h com apoio da PM. “Como resultado dessas ações conjuntas diárias, houve queda na frequência de usuários de drogas no local”. A prefeitura ainda relatou que a região do mercado municipal passa por ampla reforma, com a implantação de uma futura base da Guarda Civil.

Ainda segundo as informações do coronel Lima, São Vicente possui duas minicracolândias, com cerca de 50 pessoas, às margens da rodovia dos Imigrantes: sendo 30 usuários no viaduto Mário Covas e outros 20 na rua Mascarenhas de Moraes.

A Prefeitura de São Vicente declarou que, semanalmente, promove forças-tarefa nos locais citados, com limpeza e remoção de entulho. Além disso, disse, as pessoas em situação de rua recebem atendimento humanizado das equipes de abordagem, que oferecem acolhimento com alimentação e higiene.

Mais ao sul da Baixada Santista, as cidades de Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe foram identificadas com duas cracolândias cada uma e com número populacional próximo.

Em Mongaguá foram identificados 15 usuários no cruzamento da avenida José Cesário Pereira com a rua Engenheiro Alfredo Fovler e outros dez em um ponto do bairro Vila Seabra.

A Prefeitura de Mongaguá afirmou que a Guarda Civil Municipal e a Polícia Militar realizam constantes rondas nos locais citados e na Vila Seabra “foram realizados inúmeros flagrantes”.

Já em Itanhaém foram encontrados usuários de drogas em ruas dos bairros Nossa Senhora do Sion e Belas Artes, sendo no último entre dez e 15 pessoas.

Procurada, a gestão municipal afirmou não ter conhecimento sobre a existência desses locais como pontos críticos de consumo de drogas e disse que a Guarda Civil Municipal realiza rondas de forma contínua com o propósito de desencorajar tais práticas.

Por fim, policiais militares que patrulham a cidade de Peruíbe mapearam endereços no Jardim Veneza (20 pessoas) e no Jardim Somar (10).

Procurada na semana passada, a Prefeitura de Peruíbe não havia se manifestado até a publicação deste texto.

Da parte da gestão estadual, comandada por Tarcísio de Freiras (Republicanos), a Secretaria da Segurança Pública declarou que o consumo de entorpecentes é um problema de saúde pública e, por isso, a PM age em parceria com as prefeituras locais e órgãos do poder público estadual que fazem o atendimento aos usuários.

“A repressão ao tráfico de entorpecentes é uma das diretrizes prioritárias na atuação das polícias Civil e Militar em todo o Estado, inclusive na região da Baixada Santista”, afirma a pasta. “A Polícia Militar realiza o levantamento e monitoramento das cenas abertas de uso de entorpecentes nas citadas regiões a fim de adotar providências no âmbito de suas atribuições de polícia ostensiva e preventiva, combatendo ativamente o tráfico de drogas em todo o litoral, identificando e prendendo traficantes, inibindo ações delituosas eventualmente praticadas pelos dependentes que transitam nas regiões identificadas e nas regiões de entorno.”

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