PM atira 7 vezes em carro na contramão e mata frentista que comemorava seu aniversário no Rio

Um policial militar do Rio de Janeiro atirou contra um carro e matou um frentista de 26 anos que estava no veículo, na madrugada de domingo, 6, no morro de Santo Amaro, em Santa Teresa (região central do Rio). A vítima tinha ido comemorar seu aniversário em um baile funk e estava voltando para casa.

A PM informou que dois policiais flagraram um veículo que trafegava na contramão e deram ordem para que parasse. O veículo não parou e um dos ocupantes do carro teria apontado uma arma prateada em direção a eles. Então, um dos policiais atirou. O rapaz morto estaria, na realidade, com um telefone celular. Ele foi enterrado nesta segunda-feira, 7.

Guilherme Lucas Martins Matias completou 26 anos no sábado, 5, e, depois de comemorar com a família em casa, foi com amigos a um baile funk do morro de Santo Amaro. Na saída, estava com três amigos em um Renault Clio azul. Para cortar caminho, o motorista decidiu trafegar pela rua do Fialho na contramão, e o carro foi flagrado por dois policiais. Segundo os sobreviventes, não houve ordem para parar – um dos agentes apenas atirou.

Segundo a Polícia Civil, o policial afirmou em depoimento ter dado ordem para o grupo parar, e alegou também que um dos ocupantes do veículo estava armado. Esse PM disparou sete vezes contra o carro, conforme a polícia.

Além de Matias, dois ocupantes se feriram. Todos foram levados para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, onde Matias morreu. Paulo Rhodney do Nascimento de Jesus recebeu alta no próprio domingo e Matheus Coutinho Martins da Silva estava internado em estado estável até a noite de segunda-feira, 7. Ele não corre risco de morte.

A mãe de Matias, Juliana Martins, reclamou da ação policial: “O filho sai para comemorar o aniversário e a gente recebe a notícia de que ele está morto. Como é que pode? As pessoas que estão ali para te proteger te matam. Ele (Matias) vai ser mais um na estatística. Negro, pobre e favelado. Se fosse na Barra da Tijuca, com meninos brancos, isso iria acontecer? Eles iriam confundir um celular com uma pistola Não iriam”, questionou.

Segundo familiares, Matias se separou recentemente e estava morando com a mãe e o filho. Além de trabalhar como frentista, estava cobrindo férias de um primo que trabalhava como porteiro.

“Ele trabalhava e estava muito feliz. Não dá para acreditar, a ficha não caiu. A gente comprou um bolinho, cortamos o bolo e à noite ele quis sair para curtir o baile com os colegas. E na volta aconteceu essa fatalidade”, disse o irmão de Matias, Hugo Marcelo Martins. “Não tinha arma, ali (no carro) só tinha trabalhador voltando do baile para casa. Eles passaram pelos policiais e eles atiraram neles e pegou no meu irmão e colegas. Desejamos justiça. Que os policiais paguem pelo erro deles”, completou.

O porta-voz da Polícia Militar, coronel Marco Andrade, afirmou que o policial que atirou não cumpriu os protocolos da corporação. “Segundo os policiais militares que estavam no local, um veículo que vinha na contramão não obedeceu à ordem de parada, e os policiais efetuaram disparos de arma de fogo. Todo esse protocolo não faz parte dos nossos materiais de instruções, de abordagem, nas nossas técnicas, realizadas constantemente nos nossos centros de formação”, disse Andrade em entrevista à TV Globo.

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