A obra Peabiru, o mítico sagrado caminho do Atlântico ao Pacífico foi sucesso de lançamento na Feira do Livro de Lisboa, no dia 28 de maio. O que chama atenção dos leitores são as revelações sobre este sistema de estradas que ligava os povos indígenas da américa latina muito antes dos europeus chegarem ao continente americano. Durante a apresentação na feira do livro da capital portuguesa, o jornalista e professor Carlos Dominguez contou que durante a pesquisa o caminho foi revelando-se cada vez mais importante para contar a história por outra perspectiva, “Infelizmente, a história que conhecemos é contada a partir de 1500. Lançar este livro é estender o Caminho de Peabiru para que todos possam se aprofundar na cultura e sabedoria dos povos ancestrais, em um chamado para o presente”, afirma. O lançamento foi pela Infinita, editora que se dedica à literatura luso-brasileira há mais de 15 anos. Em Portugal, a editora está no mercado desde 2017.
Foram cinco anos de investigação, entrevistas, viagens, investigações, inspirações, imersões, além do contato em um mergulho jornalístico nas entranhas do continente, no ambiente, na natureza, nos povos, nos costumes, nas tradições dos verdadeiros donos da terra confrontados com a barbárie de 500 anos de colonização, genocídios, roubos e domínio estrangeiro. O livro também conta a parceria dos fotógrafos Álvaro Pouey, Charles Guerra, Daniela Xu e Dea Amaral que emprestaram seus imaginários para 50 páginas de fotografias dos locais e pessoas que teimam em não desaparecer e preservam as memórias de outras maneiras de viver em paz, guiados pelo sol e pelas estrelas.
Em Portugal, além da feira, o livro foi apresentado no Espaço Cultural Antú em Braga no dia 02 de junho e tem agenda marcada para o dia 09 de junho, na Biblioteca Municipal de Setúbal. No Brasil, será no dia 2 de agosto, no auditório da Reitoria, Campus Anglo, UFPEL, 19hs (Pelotas) e 9 de agosto, no auditório 02, Fabico/UFRGS, 19hs (Porto Alegre).
Resumo da obra:
Há milhares de anos um sistema de estradas ligou as civilizações do litoral Norte do Peru até o berço da cultura Inca, no Lago Titicaca, através da cordilheira dos Andes. A expansão de seu território foi erguendo vias de pedra em quatro direções até às terras baixas, na Bolívia, Norte da Argentina e do Chile, Paraguai, e o litoral do Brasil. O centro do continente era dominado pelos guaranis. Hoje, o legado milenar de interações, trocas, festas sagradas e migrações, sintetizado pelas vias do antigo caminho, permanece vivo nas culturas dos povos originários que ainda vivem na rota sagrada do sol e das estrelas. Este sistema de estradas recebeu o nome de Peabiru.
Durante a investigação, foram muitas entrevistas com jornalistas, pesquisadores, arqueólogos, bio arqueólogos, historiadores, folcloristas e habitantes dos lugares próximos ao Caminho do Peabiru, estrada sinalizada na rocha por gravuras rupestres milenares, mapas que orientavam os viajantes no passado e na época da chegada dos primeiros colonizadores, como Aleixo Garcia e Alvar Ñunes Cabeza de Vaca, como relatam os cronistas de 1500.
A visão dos povos andinos e a visão dos povos das terras baixas. Incas e Guaranis se enfrentaram inúmeras vezes antes da chegada dos europeus e hoje continuam vivendo junto ao caminho sagrado do Tape Aviru (guarani) ou Qhapac Ñan (quechua), resistindo ao avanço do agronegócio predatório que destroi o ecossistema natural onde viveram em equilíbrio por milhares de anos.
Por meio desta reportagem em profundidade, que mescla a investigação científica com a narrativa de uma epopeia secular, desde o ancestral mundo andino até a chegada dos primeiros europeus ao litoral sul do Brasil, conheça as mais variadas expressões do imaginário ameríndio nas paisagens do Caminho do Peabiru. Esta é a história de pessoas que vivem e estudam o caminho, em muitos tempos.
Sobre o autor:
Carlos Dominguez é jornalista. Foi Editor de Política e colunista do Diário de Santa Maria e Jornal de Santa Catarina. É professor do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) especialista em estudos latinos americanos e meio-ambiente, e PhD em Comunicação e Informação-Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde é membro do grupo de pesquisa Imaginalis do PPGCOM-UFRGS.
É repórter e editor da Ponga Reportagem de Profundidade (http://pongapress.com/). A Ponga Reportagens é um coletivo composto por jornalistas, fotógrafos, editores, pesquisadores e designers que trabalham para oferecer uma imersão detalhada em universos que estão escondidos, mas muito próximos do cotidiano.