SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma mulher e quatro crianças migrantes, incluindo um bebê de 11 meses, morreram nesta segunda (28) em dois naufrágios na Grécia, país que registra aumento da chegada de pessoas em situação irregular.
O primeiro naufrágio aconteceu durante a madrugada perto da ilha de Samos, no mar Egeu. O porta-voz do governo grego, Pavlos Marinakis, disse que socorristas da Guarda Costeira foram acionados e resgataram 37 pessoas, além do corpo de uma mulher.
Horas mais tarde, guardas em outra patrulha localizaram e resgataram 22 migrantes próximos da ilha de Lesbos. Em comunicado, a polícia portuária disse que quatro pessoas morreram no segundo naufrágio. As vítimas são quatro crianças, incluindo um bebê de 11 meses.
Autoridades gregas registram este ano aumento no número da entrada de migrantes em situação irregular. Segundo a emissora estatal ERT, com base em dados do governo, 1.100 pessoas chegaram ao país pelo mar em agosto, contra 789 em julho e 608 em junho. No total, 10.790 migrantes e refugiados chegaram às costas gregas desde janeiro, contra 5.216 no mesmo período do ano passado.
O naufrágio com o maior número de mortes aconteceu em junho, quando ao menos 82 pessoas morreram perto da península grega de Peloponeso, no incidente mais mortal do tipo registrado pelo país desde 2016. No mês seguinte à tragédia, uma investigação independente apontou que o incidente pode ter sido provocado por uma operação malsucedida da Guarda Costeira local para rebocar o barco.
A Grécia é acusada com frequência de rejeitar a presença de barcos com migrantes. Vídeos que vieram à tona em maio mostraram autoridades gregas deixando 12 migrantes africanos, entre os quais crianças, em um bote salva-vidas em alto mar, configurando uma deportação extrajudicial que viola leis internacionais e regras da União Europeia, bloco ao qual o país pertence.
A Grécia é uma das principais rotas de entrada na União Europeia para refugiados e migrantes do Oriente Médio, da Ásia e da África. Muitos dos migrantes se arriscam em trajetos próximos às ilhas Cíclades e à região de Peloponeso para evitar as patrulhas no mar Egeu, mais ao norte.
Cerca de 72 mil migrantes chegaram pelo mar neste ano a Itália, Espanha, Grécia, Malta e Chipre, segundo dados da ONU. De acordo com a organização, a maior parte desembarcou em território italiano. Muitos depois tentam entrar em países mais ricos do continente usando redes de contrabandistas. Nas águas do Mediterrâneo central, mais de 20 mil migrantes morreram ou desapareceram desde 2014, segundo o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações, um braço da ONU.