Na briga de casal, cuidado! Filhos podem ser atingidos pela violência

Filho pequeno da apresentadora Ana Hickmann testemunhou a agressão sofrida pela mãe e também precisa de acolhimento, segundo a educadora parental Stella Azulay

A agressão que a apresentadora de TV Ana Hickmann sofreu de seu marido e empresário, Alexandre Corrêa – e presenciada pelo filho de ambos, Alexandre Jr., de 9 anos –, é uma situação de violência entre casais que também vitimiza as crianças, disse a educadora parental Stella Azulay. “Um ambiente de agressão constante, seja física ou psicológica, afeta o desenvolvimento emocional dos filhos. É muito importante que o casal tenha consciência do prejuízo que os desentendimentos causam aos filhos”, destaca a educadora.

Desentendimentos são comuns entre casais e precisam ser resolvidos com diálogo e disposição para ouvir, afirma Stella. “Casais discutem e isso é normal, mas o como, quando e onde discutem, é que faz toda diferença”, reforça.

A situação fica mais delicada quando há filhos pequenos. “Um casal que teve uma discussão feia, mesmo acontecendo longe dos filhos, não vai passar despercebido. É preciso lembrar que as paredes têm ouvidos e não dá para fingir que nada aconteceu. Por isso, é importante falar sobre isso com eles”, recomenda.

Quando a situação se acalmar e houver condições emocionais, os pais devem tomar a iniciativa do diálogo. “Perguntem como os filhos se sentiram com a briga e o que pensam disso. Muitas vezes, esses filhos também vão precisar de ajuda profissional para lidar com as dores da família”, segundo a educadora.

No caso de a mãe ser a vítima da agressão, é importante que isso seja explicado. “Isso é extremamente importante de se comunicar, além de se ter assistência profissional nestes casos”, frisa.

Quando o relacionamento entre os pais não está saudável, Stella lista alguns prejuízos emocionais para as crianças. Entre eles:

1) Insegurança: há muitas chances de aquela criança crescer insegura, com grande impacto na vida escolar, profissional ou amorosa. “Os pais são a rede de apoio dos filhos, o alicerce e o chão deles. Quando isso desmorona, a sensação é de não saber o que fazer, o que vai acontecer e muitos medos surgem. O medo paralisa, leva à insegurança e não desenvolve ninguém”, disse a educadora.

2) Agressividade: um ambiente hostil em casa acaba por relativizar comportamentos agressivos. “A agressão não é simplesmente física, essa é óbvia. Existe agressão nas palavras, no silêncio, no distanciamento e nas mentiras”, alerta.

3) Referências distorcidas: o futuro adulto não terá referências de um relacionamento saudável. “Ele corre o risco de repetir os padrões de agressividade, seja na própria atitude ou na escolha de um(a) parceiro(a) que reproduza as mesmas atitudes.”

4) Culpa: os filhos sempre acham que são o motivo das discussões dos pais. “Mesmo que não sejam, na imaginação deles, eles carregam essa responsabilidade.”

Se as brigas do casal continuarem, é preciso procurar ajuda profissional. A pior coisa a fazer é ignorar, acrescenta Stella. “O tempo não cura os ressentimentos e relevar situações desagradáveis só piora e machuca ainda mais. Quando um casal perde a mão no relacionamento, raramente encontra o caminho de volta sozinho. Quantas vezes não vemos casais que vivem mal, não se falam, se agridem e até se boicotam, mas permanecem casados em nome dos filhos?”, indaga.

Mesmo que seja difícil lidar com agressões, é importante que os pais busquem maturidade emocional para continuar ajudando os filhos a se tornarem adultos equilibrados, recomenda Stella. “Toda briga traz um impacto sem precedentes na formação de caráter dos futuros adultos. É urgente que os pais amadureçam suas posturas e refaçam caminhos, mesmo aqueles tortuosos, em nome de um ambiente saudável familiar.”

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