Mototaxistas da Rocinha expulsam motociclistas de aplicativo com ‘ovada’

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Depois que mototaxistas da Rocinha foram filmados arremessando ovos em motociclistas de aplicativos por disputa de passageiros, ambos os grupos se reuniram nesta quarta-feira (31) para tentar chegar a um entendimento. Os vídeos da “ovada”, que também mostram agressões e chutes a motos, foram gravados na comunidade da zona sul do Rio de Janeiro e viralizaram nas redes sociais.

 

Motoristas de aplicativo afirmam que não podem entrar em favelas da cidade. As agressões foram confirmadas por mototaxistas da Rocinha à reportagem.

“Tacamos ovo mesmo, porque eles já tinham sido avisados que não era para pegar passageiro aqui na entrada. Se quiser é para pegar do outro lado da passarela. Agora estão mais do que avisados”, disse um mototaxista da Rocinha que se identificou apenas como Henrique.

“Nós é pai de família, estamos defendendo o nosso espaço, da comunidade. Eles cobram R$ 8 para uma corrida e querem parar no nosso ponto, pegar nossos passageiros, uma corrida que a gente sempre cobrou R$ 20. Não somos do tráfico, só queremos trabalhar de forma honesta como sempre trabalhamos”, acrescentou Henrique, que disse atuar há 20 anos no local.

Motociclistas de aplicativo chegaram a fazer uma manifestação com buzinaço nas ruas da zona sul, na noite desta terça (30). Os grupos então se reuniram na entrada da favela nesta quarta, em busca de uma solução, mas, na prática, os motoristas de aplicativo continuam proibidos de circular dentro da favela.

A Polícia Militar esteve presente no encontro. Em nota, a PM disse que agentes da UPP Rocinha foram acionados por policiais da 11ª DP (Rocinha) e que na reunião com a Associação de Moradores ficou acordado que não haverá mais incidentes como o ocorrido.

O motorista de aplicativo Matheus Fagundes, 21, afirmou que tem medo de circular próximo a favelas, apesar de morar em uma na zona norte.

“É muita humilhação. A gente corre o risco de perder a moto se entrar em comunidade. Não é legal esse negócio de tacar ovo, todo mundo é trabalhador. E nada vai mudar, porque eles proibiram e é isso”, disse.

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