Uma semana após a chocante morte de Muriel Furrer, aos 18 anos, ao não resistir aos ferimentos sofridos após uma violenta queda, no Campeonato do Mundo de Ciclismo de Estrada, em Zurique, continuam a ser várias as vozes a pronunciar-se sobre o tema, sendo que, este sábado, foi a vez de Andrea Raccagni Noviero, conhecido ciclista italiano, deixar um desabafo nas redes sociais.
“Já quis fazer uma publicação com algumas fotos da minha experiência no Mundial, mas percebi que não era o correto. Já passou uma semana após a tragédia e, à exceção de alguns artigos, já quase ninguém fala sobre isto. Uma coisa é certa: uma ciclista, tal como eu, foi abandonada durante mais de uma hora até morrer sozinha, ao frio e à chuva, durante a corrida mais importante do ano. A culpa também é nossa. Se chegámos a este ponto é porque nem sequer estamos tentando mudar as coisas”, começou por escrever numa publicação na rede social Instagram, ilustrada com uma fotografia da jovem vítima mortal.
“Todos sabem o que aconteceu em Zurique há poucos dias. Não posso dizer muito mais porque a situação está sob investigação e não participei naquela corrida em específico, mas posso falar do que vivi. Todos os atletas que já correram em contrarrelógio, tal como eu, arriscaram a vida numa ou outra descida e sabiam disso, apesar de fazer zero sentido estarmos ali. Estamos praticando um esporte muito perigoso. No preciso momento em que decidimos participar numa corrida, já sabemos que riscos vamos correr. Só que isto é mais do que isso. Significa que as pessoas que tomam decisões não se importam com a nossa segurança e que nós também não temos nenhum respeito pelas nossas vidas”, acrescentou em seguida.
“Aceitamos, mas será que é isso que queremos? Certamente isto não era o que a família de Muriel, a quem envio as mais sinceras condolências, e ao mesmo tempo peço desculpas, queria. E também quero pedir desculpas a ti, Muriel, porque tal como qualquer outro jovem de 18 anos, merecias viver a tua vida plenamente e não perdê-la assim. Sinto-me culpado por isso. Gostaria que todos os atletas que passaram por situações perigosas e nunca o disseram em voz alta, se juntassem a mim para pedir desculpas. Temos de fazer algo para mudar tudo isto, e é algo que depende apenas de nós. Temos de começar por algum lugar”, completou.
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