SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A compositora finlandesa Kaija Saariaho morreu nesta sexta-feira (2) aos 70 anos. Ela foi a primeira mulher a ter mais de um trabalho tocado pelo Metropolitan de Nova York.
Segundo a família da artista, ela estava em casa, em Paris, na França. Sua gravadora, a Chester Music, afirma que Saariaho teve diagnosticado um câncer no cérebro em 2021.
Nascida em Helsinque em 1952, Kaija Saariaho ficou conhecida pela experimentação com gravações e música eletrônica em composições para o clássico. De peças para orquestras a óperas, seu trabalho tornou o meio mais moderno. Uma votação de compositores na BBC elegeu ela a maior compositora viva em 2019.
Entre seus trabalhos, se destaca “L’Amour de Loin”, sua primeira ópera, que depois de lançada na Áustria em 2000 chegou ao Metropolitan de Nova York em 2016 e ganhou o Grawemeyer de melhor composição musical. Ela conta a história de Jaufré Rudel, um famoso trovador francês do século 12, e de sua paixão pela condessa de Trípoli, a qual nunca viu em pessoa.
Com isso, ela se tornou a segunda mulher a ter uma obra apresentada no Met. Sua ópera “Innocence”, que estreou em 2021, foi escolhida pelo grupo para a temporada de 2025 e 2026.
A artista frequentou a Academia Sibelius na juventude e chegou a fazer parte do grupo Open Ears antes de se mudar para Friburgo na Alemanha, para continuar os estudos. De lá, ela tomou a cidade de Paris como sua residência final em 1982, se inscrevendo no Instituto de Pesquisa e Coordenação Acústica/Música, o Ircam.
Saariaho aprofundou seu trabalho no instituto, fazendo a transição de estilo do serialismo –em que a partitura é feita da organização de séries– para o espectralismo, baseado na análise matemática do som. A partir disso, a compositora começou a envolver técnicas assistidas pelo computador e a música eletrônica, que vieram a permear e definir sua obra.
A artista venceu o Leão de Ouro pela carreira na 65ª edição da Bienal de Veneza, dentro do Festival Internacional de Música Contemporânea. Na ocasião, a organização elogiou Kaija Saariaho pelo nível técnico extraordinário e expressivo, alcançado em especial nas partituras feitas para coros. A composição “Oltra Mar”, de 1999, foi definida pela Bienal na ocasião como obra-prima absoluta.