Brasil e Argentina se enfrentam nesta terça-feira, dia 21, no Maracanã. O estádio no Rio estará lotado, com 70 mil pessoas. O confronto, entre as duas maiores seleções do continente, já é por si só marcante, mas a partida válida pela sexta rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 terá elementos importantes: será o primeiro clássico desde o título mundial da Argentina no Catar; o primeiro encontro após dois anos entre os rivais; e, possivelmente, a última partida de Messi com a seleção argentina em solo brasileiro, no mesmo estádio em que ele viveu momentos de glória e também tristeza.
Vale ressaltar que Messi tem carinho especial por dois brasileiros: Neymar, com quem jogou no Barcelona, e Ronaldinho Gaúcho, que o ‘ajudou’ no começo de carreira também no clube espanhol.
Até 2021, Messi, que atualmente defende o Inter Miami, não tinha sequer um título com a seleção em sua sala de troféus. Em 2014, ele chegou próximo de terminar o jejum de conquistas na final da Copa do Mundo, mas sucumbiu diante da Alemanha, a mesma que eliminou o Brasil na semifinal com a goleada de 7 a 1. O camisa 10 chegou a vomitar no gramado do Maracanã na decisão e sofreu com os gols perdidos pela Argentina, principalmente os de Higuaín e Palacios. Sete anos depois, no mesmo palco, Messi viveu uma das maiores alegrias de sua carreira.
Antes disso, o atacante teve alguns episódios em solo brasileiro. Sua estreia e primeira experiência como profissional no Brasil se deu em 2008, em Belo Horizonte, em partida pelas Eliminatórias do Mundial na África do Sul – ao longo da carreira de Messi, a capital mineira foi um importante cenário para o atacante. Sob o comando de Dunga, e a Argentina de Alfio Basile, a partida não saiu do empate sem gols. O treinador brasileiro se preocupou com o camisa 10 e Lúcio, capitão e titular do seu time, teve trabalho para segurá-lo. Ao final do jogo, Messi teve seu nome ovacionado pela torcida brasileira, em protesto a Dunga.
CASA É O MINEIRÃO
Após sua estreia no Brasil em 2008, Messi jogou no Brasil em outras três oportunidades: 2016, 2019 e 2021, na decisão da Copa América, no Maracanã. Além dessa, as outras duas partidas foram no Mineirão, palco de seu primeiro jogo no País – duas derrotas, 3 a 0 e 2 a 0 pelas Eliminatórias e semifinal da Copa América, respectivamente. Essa relação com Minas Gerais se deu por uma coincidência de fatores, mas foi fortalecida no Mundial de 2014, no Brasil.
Eleito melhor jogador do mundo no ano anterior, Messi tentava levar a Argentina a seu tricampeonato mundial na Copa realizada no Brasil. Até então, o camisa 10 não era amado por todos os argentinos, que tinham em Maradona seu maior ídolo e torciam para que Messi alcançasse esse patamar. A Copa de 2014 foi a primeira na América do Sul desde 1978, quando a Argentina conquistou seu primeiro título mundial, em casa. O local escolhido pela delegação argentina em 2014 foi Belo Horizonte, que foi tomada pela torcida sul-americana.
A “Cidade do Galo”, CT do Atlético Mineiro em Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte, recebeu a delegação da Argentina no País durante a competição. Em sua chegada, o clube preparou a entrada das instalações com as cores da seleção argentina e com a frase “bem-vindos, futuros campeões”, em português e espanhol.
À época, isso foi tido como provocação no país vizinho e, dias depois, foi trocada para um simples “bem-vindos”. Por sorte, já que a escolha da hospedagem ocorreu antes da definição dos grupos, a Argentina jogou uma de suas partidas na primeira fase no Mineirão, contra o Irã. A frase dos mineiros não se concretizou, mas a Argentina foi mais longe do que o Brasil naquele Mundial. Perdeu a final por 1 a 0 para os alemães.
O CT foi eleito o melhor centro de treinamentos do Brasil. Messi teve à sua disposição quatro campos, sala de fisiologia, departamento médico e odontológico, academia completa, tanque de gelo e caixa de areia durante a Copa do Mundo. A Cidade do Galo também possuía um hotel principal, com salão de jogos, restaurante e mais de 20 suítes, com TVs e varanda. Messi e os argentinos não reclamaram de nada.
LEMBRANÇAS NO MARACANÃ
Além de Belo Horizonte, a Argentina jogou no Maracanã, contra Bósnia e Herzegovina, e no Beira-Rio, diante da Nigéria, ambas as partidas na fase de grupos. No mata-mata, não retornou a Belo Horizonte, tendo jogado duas partidas na Neo Química Arena (que lhe rendeu um presente do Corinthians e divulgação nas redes sociais do clube), uma no Mané Garrincha, em Brasília, e a decisão, contra a Alemanha, no Maracanã. Messi foi eleito o melhor jogador do Mundial no Brasil, apesar de terminar sem o título.
PRIMEIRA GLÓRIA
Na Copa América, o argentino já havia tido duas decepções, em 2015 e 2016, no qual ambas terminaram com o vice-campeonato diante do Chile. Após o segundo revés, tendo desperdiçado um pênalti na decisão, ele decidiu que não jogaria mais pela seleção argentina, centralizando suas forças no Barcelona e na sequência de sua carreira em clubes. No mesmo ano, para o bem do futebol, Messi voltou atrás em sua decisão e terminou a preparação para a Copa de 2018, na Rússia.
No ano seguinte, o jogador teve nova experiência com a seleção argentina no Brasil, na Copa América. Na semifinal, derrotada pelo Brasil, a delegação reclamou de que a equipe teria sido prejudicada pela arbitragem. Na decisão de terceiro lugar, contra o Chile, Messi foi expulso após confusão com Medel, hoje no Vasco, ainda no primeiro tempo. Após a partida, não retornou ao campo para receber a medalha de bronze.
“Não fui à premiação porque nós não temos de ser parte desta corrupção. Nos faltaram com respeito durante toda a Copa. Não nos deixaram chegar à final”, afirmou o atacante.
Foi somente em 2021, depois de uma experiência frustrada no Mundial de 2014, que Messi conquistou seu primeiro título com a seleção argentina. Eleito melhor jogador do torneio, a festa foi em cima de seu maior rival, o Brasil. E dentro do Maracanã. “Quarenta e cinco dias sem ver a família. Tínhamos um objetivo e estamos a um passo de conseguirmos. Não existe a casualidade. Sabem o quê? Essa Copa América deveria ter sido jogada na Argentina. Deus a trouxe para cá. Ele trouxe para cá para levantarmos no Maracanã. Para que seja mais lindo para todos. Que saíamos confiantes e tranquilos que esta nós levaremos para casa”, disse Messi, na preleção antes da decisão contra os brasileiros.
Quando disse que a Copa América “deveria ter sido jogada na Argentina”, o camisa 10 se referia à mudança da sede da competição, que estava inicialmente marcada para ocorrer na Argentina e Colômbia, em 2020, mas teve data e local alterados por causa da pandemia da covid-19. O Brasil aceitou pedido da Conmebol de receber o torneio.
Ele também esteve no estádio do Corinthians no ano retrasado, antes da Copa, em jogo pelas Eliminatórias. Mas a partida teve 5 minutos de bola rolando antes de profissionais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decretarem o fim do jogo porque a Argentina tinha jogadores vindos da Inglaterra que deveriam ter feito um período de isolamento por causa da pandemia. Messi e Neymar estavam escalados. Esse jogo ficou de ser remarcado no Brasil, mas nunca foi.
NÚMEROS
Ao todo, o atacante disputou 22 partidas no Brasil, considerando confrontos com o Brasil, Copa América e Copa do Mundo. Contra a seleção brasileira, apenas uma vitória, mas na partida mais importante, na decisão de 2021. Nesta terça, o jogador estará talvez pela última vez no Brasil. Aos 36 anos, ele se esforça para chegar à Copa de 2026, mas nem o treinador argentino sabe se poderá contar com ele. Messi vai rever amigos no Brasil, como Neymar, que se recupera de cirurgia no Rio. Até outro dia também atuava ao lado de Marquinhos, no PSG. Veja seus números no País: 13 vitórias, 5 empates e 4 derrotas.