Na esteira da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o mercado financeiro voltou a aumentar sua estimativa para a Selic no fim deste ano, e a projeção agora considera um resultado de dois dígitos – indicando a expectativa de proximidade de fim do atual ciclo de corte da taxa básica de juros.
De acordo com o boletim Focus, compilação semanal feita pelo próprio BC, a mediana das estimativas dos economistas passou de 9,75% para 10% – ante 9,5% há um mês. Já a projeção para 2025 foi mantida em 9%.
O mercado também piorou seus números para o rombo fiscal do governo, inflação e PIB no ano. No primeiro caso, a mediana das projeções para o déficit primário foi de 0,64% para 0,70% do PIB, retomando o patamar de um mês atrás. Já o crescimento da economia brasileira em 2024, cuja estimativa era de 2,09% até a semana passada, recuou para 2,05%. E houve aumento de previsão para o IPCA no acumulado de 2024 – de 3,76% para 3,80% (o centro da meta é de 3%, podendo chegar ao teto de 4,5%).
No último dia 8, em uma reunião que terminou sem consenso, o Copom anunciou um corte de 0,25 ponto porcentual para a Selic – para 10,5% ao ano -, interrompendo um ciclo de seis reduções consecutivas de 0,5 ponto. Em comunicado divulgado após o anúncio, o Copom atribuiu a decisão ao “ambiente externo”, que se mostra “mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente” sobre o corte de juros nos EUA. Disse também que, no cenário doméstico, “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado” – com efeito sobre as expectativas da inflação.
A mensagem foi reforçada com a publicação da ata, na semana passada, que falou em postura “mais contracionista” e “cuidadosa” com os juros – o que foi lido por parte do mercado como sinal de fim de novas reduções da Selic.
Essa é, por exemplo, a avaliação da Asa Investments, que elevou de 9,75% para 10,50% sua projeção para a taxa Selic no final de 2024. Em nota, o economista da casa Leonardo Costa afirmou que as expectativas de inflação mais longas no boletim Focus devem continuar registrando piora, “o que deve se chocar com o desejo do Banco Central de reancoragem à meta”.
O banco americano Wells Fargo também não vê espaço para novas reduções neste ano. “A volatilidade da moeda brasileira aumentou ao longo das últimas semanas, o que pode alimentar a inflação de serviços. Além disso, o governo Lula demonstra escorregar na disciplina fiscal, o que pode ser exacerbado pelo desastre natural em partes do País”, avaliou o banco, em relatório.
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