Médicos esperam "milagre"; só há um único hospital funcionando em Gaza

Um cirurgião em Gaza compartilhou a angustiante realidade de realizar procedimentos sem anestesia no único hospital operacional na cidade, o Al-Ahli. Esta medida tornou-se imperativa após o fechamento quase total de outros hospitais, incluindo al-Shifa e al-Quds, devido a ataques aéreos israelitas. Ghassan Abu Sitta, o cirurgião, revelou que o Al-Ahli se transformou em um hospital de campanha, enfrentando uma escassez crítica de suprimentos médicos.

Após o colapso do Hospital al-Shifa, Abu Sitta explicou que eles transformaram o pátio e terreno do hospital para acomodar mais de 500 feridos. Com apenas três cirurgiões e duas salas de cirurgia, eles enfrentam a difícil tarefa de realizar procedimentos extremamente dolorosos nas feridas dos pacientes, sem analgésicos ou anestesia, a fim de prevenir infecções. A dor é especialmente aguda ao tratar crianças, e Abu Sitta expressou a dor compartilhada pelos profissionais de saúde.

Neste cenário desolador, Abu Sitta destacou que 90% de seu trabalho é simplesmente ganhar tempo para os pacientes, aguardando por algum milagre, avanço, cessar-fogo ou corredor humanitário. A evacuação não é uma opção devido à falta de segurança nas ruas, com tiroteios frequentes ao redor do hospital. As ambulâncias que transportam os doentes também são alvo regular de ataques.

O maior hospital da Faixa de Gaza, Al-Shifa, encontra-se sem energia elétrica, resultando na retirada de recém-nascidos das incubadoras. Seis crianças já perderam a vida devido à falta de luz e proteção. Israel continua a atacar o centro, apesar dos civis abrigados. A situação é igualmente crítica em outros hospitais, com o segundo maior, Al-Quds, anunciando o encerramento.

A guerra entre Israel e o Hamas, que entrou no 38.º dia, ameaça se espalhar pela região do Oriente Médio. As consequências são devastadoras, com milhares de mortos, dezenas de milhares de feridos, desaparecidos sob os escombros e mais de 1,5 milhão de deslocados, de acordo com o último balanço das autoridades locais. Este conflito prolongado continua a provocar sofrimento e a levantar questionamentos sobre a resposta internacional.

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