BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, lamentou nesta quarta-feira (18) a rejeição pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas da resolução proposta pelo Brasil sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
Vieira disse ainda que o governo brasileiro fez todo o possível e que sua preocupação sempre foi humanitária quanto ao conflito no Oriente Médio, que já deixou mais de quatro mil mortos.
A declaração foi dada durante coletiva de imprensa no Itamaraty com o ministro da Defesa, José Múcio, e o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno.
“Infelizmente, não foi possível aprovar a resolução. Ficou clara uma divisão de opiniões, mas acho que, do nosso ponto de vista, da nossa presidência, e como governo brasileiro, fizemos todo esforço possível para que cessassem as hostilidades e que se parassem com sacrifícios humanos e se pudesse dar algum tipo de assistência às populações locais, aos brasileiros que estão ainda na faixa de Gaza que expressaram desejo de voltar ao Brasil e a outros que não manifestaram vontade, porque não podem”, disse o chanceler.
“Nossa preocupação sempre foi humanitária. Cada país terá tido sua inspiração própria”, completou. O Brasil presidente atualmente o Conselho de Segurança da ONU.
Houve 12 votos favoráveis, mas os EUA, que historicamente blindam Israel no conselho, vetaram a resolução.
A Rússia, que havia apresentado sua própria resolução e tentado fazer duas emendas ao texto brasileiro, se absteve, assim como o Reino Unido.
A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, justificou seu voto contrário à resolução pela ausência de uma afirmação do direito de Israel de se defender. “Não poderíamos apoiar essa resolução”, afirmou ela, dizendo ainda que o país está fazendo “diplomacia concreta”, citando a viagem do presidente americano, Joe Biden, a Israel nesta quarta.
Vieira disse ainda não ter previsão de quando a fronteira com o Egito será aberta. Ele terá hoje uma nova conversa com seu homólogo egípcio.
“Não temos ideia [de quando vai abrir a fronteira], estamos trabalhando intensamente com autoridades egípcias e também com outro lado para que aconteça o mais rápido possível”, afirmou.
Há cerca de 30 brasileiros esperando a abertura da passagem de Rafah para serem resgatados pelo governo brasileiro em solo egípcio. A faixa de Gaza passa por uma crise humanitária e segue sob intensos bombardeios israelenses.
Também nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou o ataque aéreo a um hospital de Gaza no dia anterior como “tragédia injustificável”. Ele não mencionou a disputa de autoria pelo disparo. O episódio deixou ao menos 500 mortos, segundo o Ministério da Saúde local, se desenhando como o mais mortal no território desde o início da atual guerra no Oriente Médio.
“O ataque ao Hospital Baptista Al-Ahli é uma tragédia injustificável. Guerras não fazem nenhum sentido. Vidas perdidas para sempre. Hospitais, casas, escolas, construídas com tanto sacrifício destruídas em instantes. Refaço este apelo. Os inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra”, disse Lula nas redes sociais.
Os palestinos acusam Israel do ataque, mas as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), por sua vez, negam e dizem que o foguete foi lançado erroneamente pela facção Jihad Islâmico.