SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os pais de Ana Clara Benevides, fã que morreu durante o show da cantora Taylor Swift na última sexta-feira (17), descreveram os últimos contatos com a filha e como lidam com a perda. Em entrevista ao Fantástico (Globo), neste domingo (19), eles e a amiga que acompanha Ana, Daniele, falaram sobre o atendimento recebido e como foram as últimas horas da jovem natural do Mato Grosso do Sul.
“Quando ela tentou comprar o ingresso e não conseguia, eu disse: ‘Minha filha, entrega nas mãos de Deus e pede pra ele. Se for para o seu bem, que ele conceda’. Foi isso que ela fez, pediu pra Deus e deu certo. Ele queria levar ela num dia feliz”, afirmou Adriana Benevides, a mãe da jovem. “Deus levou ela, mas no momento mais feliz da vida dela. Ela dizia: ‘Se eu não conseguir ir nesse show, eu morro’.”
A reportagem também conversou com o pai de Ana, Weiny Machado, que descreveu a apreensão com a ida da filha ao Rio de Janeiro. Tratava-se de sua primeira viagem de avião e também na capital fluminense. “Total [receio], por ser uma cidade até então desconhecida, uma cidade perigosa, pedia para ela não aceitar nada de ninguém, principalmente bebida.”
Os dois responsáveis por Ana Clara contaram ainda que a Time For Fun, responsável pela turnê da cantora, chegou a oferecer assistência psicológica após o trauma. No entanto, eles relatam que estão encontrando dificuldades financeiras para enviar o corpo para o Mato Grosso, onde ela vivia.
Além disso, Machado disse que espera respostas das autoridades. Na certidão de óbito, ele mostra que a causa foi apontada como “indeterminada, ainda depende de resultados laboratoriais”. “O motivo, quero saber o motivo, a causa da morte até então ficou vago. Aguardando resultados laboratoriais no laudo… eu nunca tinha visto isso”, reforça ele, que também questionou a quantidade de desmaios. “Por que? Toda prefeitura tem assistência social, eles poderiam vir, e não sabem as condições do local.”
Outro relato coletado pelo Fantástico foi o de Daniele Menin, que acompanhava Ana Clara na fila e no show. “Antes do show começar ainda, todo mundo suando muito, tinha muita gente saindo mal dali. Alguns não chegavam a desmaiar, outros eram carregados, alguns cambaleando. Ao nosso redor, tinha contado umas 10 meninas assim, saindo ali da grade.”
Daniele também afirma que as duas beberam água antes da abertura dos portões e dentro do estádio, enquanto aguardavam a apresentação. “Quando o show começou, a Taylor entrou e a gente não acreditou que estava lá. Comecei a chorar, a Ana também, nos abraçamos. Mas na segunda música, pulando feliz, vi ela caindo… caindo em cima das pessoas. Eu não sei como, mas tive força, coloquei ela na minha perna e pulei para atrás, chegamos até a grade e levaram ela. Fui atrás”, diz ela. “A médica já foi falando que era código azul, não tinha pulso mais. Tentaram reanimar, levaram para o hospital e o médico logo chamou. Ele falou que era grave e precisava do contato da família. Entrei em desespero e quando ele falou com o pai da Ana, minha ficha caiu que ela não ia voltar mais.”
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