NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu os três novos diretores do Banco Central e encaminhará os nomes dos escolhidos ao Senado Federal na próxima semana. A informação foi divulgada pela autoridade monetária nesta sexta-feira (29).
O indicado para a diretoria de Política Monetária no lugar de Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, é Nilton David, chefe de operações da tesouraria do Bradesco.
Também foram escolhidos Gilneu Vivan, atual chefe do departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, para o posto ocupado hoje por Otavio Damaso (diretor de Regulação), e Izabela Correa, servidora do BC cedida para a CGU (Controladoria-Geral da União), como sucessora da diretora Carolina de Assis Barros (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta). Os dois nomes haviam sido antecipados pela Folha de S.Paulo.
Para poder assumir o posto no início de 2025, os novos diretores do BC precisam ser sabatinados na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e passar por votação no plenário do Senado, que é responsável por avaliar e aprovar os nomes das autoridades. A etapa final na Casa está prevista para 11 de dezembro.
“Caso as indicações sejam aprovadas pelo Senado Federal em 2024, os indicados passarão a exercer o cargo de diretor do Banco Central do Brasil a partir de 1° de janeiro de 2025”, informa o BC.
Em 2025, o Copom (Comitê de Política Monetário) terá maioria dos integrantes indicados pelo presidente Lula, com sete dos nove membros do colegiado responsável por definir o patamar da taxa básica de juros (Selic).
Tradicionalmente, as diretorias de Regulação e Relacionamento são chefiadas por servidores da autarquia, o que não acontece com a diretoria de Política Monetária, que lidera a mesa de câmbio e em geral é comandada por um profissional do mercado.
Segundo o BC, Nilton David tem “grande experiência no mercado financeiro”, tendo trabalhado em instituições no Brasil e no exterior, como Morgan Stanley, Citi, Barclays e Goldman Sachs. É graduado em engenharia de produção pela Poli-USP (Escola de Engenharia Politécnica da Universidade de São Paulo). Sua atuação na área de câmbio foi citada por uma fonte do mercado financeiro ouvida pela reportagem.
Nome que vinha sendo especulado há mais tempo, Gilneu Vivan é servidor do BC desde 1994 e hoje chefia o departamento de Regulação do Sistema Financeiro. Ele é mestre e bacharel em economia pela UnB (Universidade de Brasília) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Até o início do ano, trabalhou como chefe do departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro Nacional. Segundo a autoridade monetária, ele também representou o Brasil em diversos grupos internacionais, tais como Analytical Group on Vulnerabilities, do FSB (Financial Stability Board), responsável por avaliar as ameaças ao sistema financeiro mundial.
Servidora do BC desde 2006, Izabela Correa é atualmente secretária de Integridade Pública da CGU. Foi pesquisadora de pós-doutorado na escola de governo da Universidade de Oxford e possui doutorado em governo pela London School of Economics and Political Science.
Ela é mestre em ciência política pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e graduada em administração pública pela escola de governo da Fundação João Pinheiro.
Internamente, os nomes foram bem recebidos pelos funcionários da Casa. Em nota, a ANBCB (Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil) destacou a “relevância de se manter a representatividade feminina nas indicações, ainda que com apenas uma mulher indicada.” Se aprovada, Izabela Correa será a única mulher entre os nove membros da alta cúpula do BC no próximo ano.
A entidade que representa os servidores do BC também diz avaliar positivamente a repercussão dos indicados e o fato de dois serem profissionais de carreira da autarquia, “com notória competência e com o conhecimento da complexidade e das especificidades da instituição, bem como de seus desafios para continuar entregando benefícios à população brasileira”.
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