HERCULANO BARRETO FILHO
A Justiça retoma nesta sexta-feira (28) uma audiência do caso do “Massacre em Paraisópolis” no Fórum da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, para ouvir 24 testemunhas -22 de defesa e 2 de acusação. Em 2019, nove pessoas morreram durante operação da PM.
A Justiça ainda não definiu se o julgamento será realizado em júri popular ou não. A última audiência do caso foi realizada em 17 de maio e não há previsão para a conclusão dos trabalhos.
A defesa das famílias das vítimas acredita que a decisão acontecerá só em 2025. Ao menos outras três novas audiências devem ocorrer ainda neste ano, projeta o advogado Dimitri Sales. “Hoje, teremos uma parte importante do processo, porque assegura o direito de ampla defesa dos réus”, diz o advogado.
Parentes das vítimas fizeram um ato em frente ao Fórum. A pesquisadora Maria Cristina Quirino, 44, foi a primeira a chegar. Ela é mãe de Denys Henrique Quirino da Silva, uma das vítimas do Massacre de Paraisópolis, morto quando tinha apenas 16 anos.
“A gente ainda tem esperança de que a justiça vai ser feita. Mas dá indignação de saber que os assassinos ainda estão soltos. Me tiraram o direito de ver o meu filho crescer e se tornar um homem”, disse Maria Cristina Quirino.
“Eles têm que pagar pelo que fizeram”. A avó de Marcos Paulo Oliveira dos Santos, que tinha 16 anos quando foi morto em Paraisópolis, também participou do ato. “Eles [policiais] têm que pagar pelo que fizeram. O meu neto não estava fazendo nada de errado, só estava se divertindo”.
O “Massacre de Paraisópolis” ocorreu em dezembro de 2019. Na ocasião, uma ação da PM para dispersar um baile funk causou a morte de nove jovens, com idades entre 16 e 24 anos.
A maioria das vítimas morreu por asfixia. Eles ficaram prensados em meio à multidão quando a PM os encurralou. Os laudos produzidos à época também apontaram a mesma causa. Reportagem do UOL mostrou contradições dos depoimentos dos acusados e os áudios dos agentes gravados naquela noite.