Janja reage a Elon Musk e diz que ele ironiza e minimiza invasão a seu perfil

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, reagiu nesta quarta-feira (20) ao dono da rede X, Elon Musk, e disse que ele adota “tom irônico” e minimiza a invasão ao perfil dela.

Musk se manifestou sobre o caso pela primeira vez também nesta quarta, depois que a esposa de Lula (PT) criticou administradores da plataforma e disse que ela lucra com dicursos de ódio. Na rede social, o empresário disse: “Não está claro como alguém adivinhar a senha do email dela é nossa responsabilidade”.

A invasão à rede social de Janja, ocorrida no último dia 11, é investigada no âmbito do inquérito das milícias digitais, conduzido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A PF (Polícia Federal) chegou até um adolescente de 17 anos que confessou a autoria.

Aos investigadores, o jovem disse ter encontrado informações sobre o email e senha da socióloga na rede social em um vazamento de dados na internet, e que partiu daí a ideia de invadir a conta dela.

“Não me surpreende o tom irônico do Sr. Elon Musk depois da minha fala sobre processar sua plataforma”, afirmou Janja em nota divulgada a jornalistas. “Ele minimiza um acontecimento grave que não atinge só a mim, mas sim a milhares de mulheres dentro da sua plataforma todos os dias.”

A primeira-dama disse ainda que não é responsabilidade da plataforma “alguém adivinhar a senha”, mas agir o mais rápido possível quando isso ocorre.

“Meus questionamentos desde o início foram sobre o descaso e a demora da plataforma em agir, visto que nitidamente era uma movimentação totalmente atípica dentro de uma conta verificada, e sobre a monetização em cima do discurso de ódio”, afirmou.

Janja classificou como “sintomático” o fato de o dono do X só ter se manifestado após ela dizer que vai processar a plataforma. A primeira-dama afirmou ainda que a plataforma de sua conta de email, cujo nome não foi mencionado por ela, também será responsabilizada.

“Por mim e por todas as mulheres que são vítimas da misoginia e dos ataques de ódio nas redes sociais e fora delas, seguirei levantando questionamentos e lutando pela responsabilização das plataformas”, concluiu.

Nesta terça-feira (19), uma semana após a primeira-dama ter sua rede social hackeada, Lula afirmou que fica “puto” com os ataques na internet contra a sua mulher, Janja. Na ação, o invasor postou diversas mensagens de caráter misógino e ofensivo à própria Janja e a outras mulheres.

“Às vezes fico muito puto da vida. E estou falando a palavra puto de verdade. Fico puto da vida com as pessoas que atacam ela [Janja] pela internet. Fico puto porque eu nunca falei da mulher de um presidente, da mulher de um deputado, da mulher de um vereador. Acho uma canalhice a pessoa que faz isso. Por isso, fico puto por ela”, disse o petista durante transmissão ao lado da primeira-dama.

Na mesma ocasião, Janja anunciou a intenção de processar a rede social e disse estar analisando o caminho jurídico a ser adotado. O X não tem sede no Brasil.

“Eu não sei nem onde processar, se eu processo no Brasil, se processo nos Estados Unidos, porque processá-los eu vou, de alguma forma. A gente tem uma pesquisa, muitas pessoas públicas que têm as contas invadidas, como o primeiro-ministro da Austrália, então a gente tem que de alguma forma responsabilizar essas plataformas e regulá-las. O problema não é só do Brasil, é global”, afirmou.

Janja reclamou da dificuldade para conseguir congelar a sua conta na rede social após a invasão e afirmando que Musk “ficou muito mais milionário com aquele ataque”.

A primeira-dama contou que, após a ação hacker, passou a madrugada trocando as senhas das suas redes. Ela falou das dificuldades que enfrentou para congelar o seu perfil, cessando dessa forma os ataques, mesmo sendo uma pessoa pública. E então criticou o presidente do X.

“Eu fico imaginando, eu, que hoje por estar nesse lugar que estou, sou uma pessoa pública, foi tão difícil que o Twitter derrubasse, congelasse a minha conta, [levou] uma hora e meia. E eu falo, por uma hora e meia o Elon Musk ficou muito mais milionário com aquele ataque. É essa que é a questão. A gente precisa não só a regularização das redes, mas a gente precisa discutir a monetização dessas redes sociais”, disse.

Janja também citou que o governo trabalha em um plano para combater a violência contra mulheres na internet. Ela e Lula falaram da necessidade de regular as redes sociais, para evitar a disseminação de ataques. O presidente também criticou os ganhos milionários das plataformas.

“É preciso que o mundo tome cuidado com isso. O mundo já era preconceituoso contra mulher, contra o negro, contra o pobre. Agora com a internet ficou hiperpreconceituoso, porque as pessoas transformam seu preconceito pessoal para milhares de pessoas, milhões de pessoas. Como a gente trata isso sem fazer censura é um desafio”, afirmou ele.

No domingo (17), quando voltou a postar para seus 1,2 milhão de seguidores no X após ter sofrido o ataque, Janja escreveu que cogitou não retomar a conta, mas decidiu continuar com o perfil para militar contra a violência que atinge mulheres.

Ela afirmou que a situação a fez pensar na angústia de “tantas mulheres que também sofreram e sofrem esse tipo de ataques e, por não serem pessoas públicas, têm ainda mais dificuldade para fazer com que as plataformas de redes sociais ajam”.

A primeira-dama disse também que as redes são coniventes com discursos de ódio porque têm lucro com eles.

“Não podemos permitir que as plataformas sigam lucrando em cima do ódio, coisa que tenho certeza que aconteceu no caso da invasão do meu perfil. Um hora e meia de monetização para o X”, afirmou, em referência ao intervalo que, segundo ela, foi necessário para conseguir suspender as postagens no dia.

Segundo a primeira-dama, sua equipe responsável pelas redes agiu rápido, mas a demora da empresa foi um obstáculo. “O transtorno e a burocracia continuaram para que a conta fosse recuperada e o relatório da plataforma fosse finalmente entregue para investigação da Polícia Federal, o que aconteceu somente quatro dias depois dos crimes cometidos”, relatou.

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