SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A mulher indiciada por injúria e agressão contra um casal gay numa padaria no centro de São Paulo, em fevereiro, foi presa em flagrante por atropelar um homem e fugir, na última sexta-feira (14).
Segundo o boletim de ocorrência, a empresária Juliana Santos Ludovico, 33, dirigia pela avenida Francisco Matarazzo, na zona oeste da capital, quando atingiu a vítima, identificada como Felipe. Era por volta de 1h30.
Procurada, a defesa da motorista afirmou que pretende se manifestar, mas não o fez até a publicação deste texto.
Câmeras de segurança gravaram o episódio. É possível ver o homem atravessando a via quando é surpreendido pelo veículo em alta velocidade. Depois, Ludovico faz uma manobra para fugir do local, arrastando Felipe e o atropelando uma segunda vez.
Viaturas foram acionadas para prestar socorro ao atropelado -levado ao Hospital São Camilo de Santana, na zona norte- e procurar pela suspeita, proprietária de um Honda HR-V vermelho. Antes de ser encontrada, ela voltou ao local do crime, a pé.
Os agentes responsáveis pela ocorrência relataram que Ludovico apresentava sinais de embriaguez e se negou a passar pelo bafômetro. Ela foi presa em flagrante. Horas depois, a detenção foi convertida à domiciliar por, segundo a Justiça, a atropeladora ter filhos menores.
A 91ª DP (Ceasa) registrou o caso como lesão corporal culposa na direção de veículo, fuga de local de acidente e embriaguez ao volante.
AGRESSÃO A CASAL GAY
Juliana Santos Ludovico se envolveu noutro caso policial no início deste ano. Em 3 de fevereiro deste ano, o casal Rafael Gonzaga, 33, e Adrian Grasson, 32, afirma ter sofrido com ataques homofóbicos numa padaria na Santa Cecília, região central de São Paulo.
Às 4h daquele dia, eles decidiram parar no local para comer após uma festa. Ao tentarem estacionar o carro, havia uma pessoa sobre a vaga, que seria Ludovico. Os homens pediram para ela sair, e ela teria respondido com ofensas, segundo registrado no boletim de ocorrência do caso.
A defesa da mulher, representada pelos advogados Adriana Sousa, Paulo Eduardo e Tiago de Mello, afirmou ser “exagerada e parcial” a forma como o caso foi tratado e divulgado através da internet e dos meios de comunicação de massa.
O registro policial aponta que Ludovico teria empurrado o retrovisor do carro e desferido xingamentos com termos homofóbicos. Depois, ela teria atirado um cone no casal, segundo o relato de testemunhas à polícia.
Parte da ação foi gravada. Na filmagem é possível acompanhar a mulher dizendo ser “mais macho que os homens e que valores estão sendo invertidos. “Eu sou de família tradicional. Eu tenho educação”, ela grita em direção ao casal.
Chamada, a Polícia Militar liberou Ludovico, e não efetuou a prisão em flagrante. Um processo foi instaurado na corregedoria da corporação a fim de investigar a conduta. Ainda não houve conclusão.
A empresária foi indiciada pela polícia civil por lesão corporal e injúria racial por homofobia, além de denunciada pelo Ministério Público de São Paulo.