Dominique Pelicot, acusado de drogar sua esposa durante uma década para que fosse estuprada por dezenas de homens, admitiu os crimes em tribunal na França. Em seu primeiro depoimento, Pelicot reconheceu ser um “violador” e afirmou, entre lágrimas, que não culpa a vítima, sua esposa Gisèle Pelicot, por nada.
“Eu fui muito feliz com ela. Ela era o oposto da minha mãe, completamente rebelde”, declarou emocionado. Pelicot também afirmou: “Nunca toquei nos meus filhos ou netos. Sou um violador, assim como os que estão nesta sala. Eles sabiam de tudo. Ela não merecia isso, admito.”
O caso chocante foi revelado pela primeira vez quando Gisèle, vítima de mais de 70 estupros organizados por seu marido enquanto ela estava inconsciente, falou em tribunal. Ela explicou que o marido convidava estranhos, recrutados através de grupos online, para abusarem dela enquanto estava dopada. A polícia já identificou 51 suspeitos, embora o número de agressores possa ser ainda maior. Os abusos foram gravados em vídeo por Dominique, e os agressores seguiam regras rigorosas para garantir que ela não acordasse.
Gisèle contou que não tinha conhecimento dos crimes e, ao ver as imagens capturadas por seu marido, percebeu que não eram atos consensuais. “Não são cenas de sexo, são cenas de estupro. Estou inerte. Nunca participei de parafilias ou ‘swing’. Podem me mostrar todas as provas, mas estou inconsciente”, afirmou ela. Gisèle questionou como nenhum dos homens envolvidos percebeu que algo estava errado.
O esquema começou em 2011, enquanto o casal vivia em Paris. Dominique, que anteriormente sugeriu à esposa a prática de ‘swing’, a qual ela recusou, começou a dopá-la com tranquilizantes poderosos, como o Temesta. Ele então convidava estranhos para irem à casa do casal em Mazan, uma vila na Provença, onde cometiam os abusos. O esquema foi desvendado em 2020, quando Dominique foi flagrado filmando por baixo da saia de mulheres em um shopping, levando a polícia a descobrir as gravações dos estupros.
Entre os suspeitos estão bombeiros, empresários e jornalistas. Dominique já confessou que suas ações foram “inaceitáveis”, e o julgamento, que continua em andamento, deve se estender até dezembro. Gisèle, que descreveu seu interior como “um campo de ruínas”, deseja retomar sua vida após o fim do processo, pedindo que os culpados assumam a responsabilidade por seus atos.
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