Raul Pelegrin, de 41 anos, preso após cortar a corda de um trabalhador que limpava a fachada de um prédio em Curitiba (PR), teve sua defesa alegando que ele foi vítima de espancamento na prisão um dia antes de falecer em um hospital de Piraquara, região metropolitana da capital paranaense.
O histórico de prontuário de Pelegrin, emitido pelo Sistema de Gestão de Execução Penal (Sigep) do Paraná, indica que em 3 de abril a administração da Casa de Custódia de Piraquara recebeu relatos de que ele estava sendo agredido em uma das celas.
Posteriormente, ele foi levado à enfermaria da unidade prisional e então encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Piraquara. Depois de receber cuidados médicos, foi devolvido à Casa de Custódia na noite do mesmo dia e transferido para outra cela.
No dia seguinte, Pelegrin foi transferido para o Hospital Angelina Caron, também na região metropolitana de Curitiba. Na manhã seguinte, a Casa de Custódia recebeu a notícia de seu falecimento, atribuído a pneumonia e infecção generalizada, de acordo com a defesa.
O advogado Adriano Bretas, representante da família de Pelegrin, afirma que ele foi “brutalmente espancado” na prisão. Além disso, a defesa destaca que o acesso ao histórico de prontuário foi inicialmente negado pela Casa de Custódia, sendo liberado apenas após intervenção judicial.
“Tudo isso foi ocultado da defesa e somente agora, após intervenção judicial, esse fato está vindo à tona. Raul foi espancado, agredido às vésperas de sua morte”, declara Bretas.
A defesa solicitou a abertura de inquérito policial para investigar as circunstâncias da morte de Pelegrin. Bretas também planeja apresentar o caso à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná, Ministério Público, Poder Judiciário e Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP-PR).
Contextualização do caso: Pelegrin foi preso em flagrante em 14 de março, suspeito de tentar matar um trabalhador que limpava a fachada de um prédio em Curitiba. Ele foi levado à Casa de Custódia em 27 de março, após sua prisão ser convertida em preventiva.
O trabalhador, Mayck Ribeiro da Silva, caiu de uma altura de 18 metros quando Pelegrin cortou sua corda de segurança com uma faca.
O Ministério Público denunciou Pelegrin por tentativa de homicídio com duas qualificadoras: uso de meio insidioso e recurso que dificultou a defesa da vítima. O motivo do crime ainda não foi esclarecido.
Pouco mais de três semanas após sua prisão, Pelegrin faleceu em um hospital em Campina Grande do Sul. Ele sofria de dificuldades respiratórias e foi hospitalizado sob escolta policial.
Em comunicado, a defesa de Pelegrin afirmou que desde sua prisão havia alertado sobre seus problemas de dependência química, uma condição que o afetava há anos e pelo qual já havia sido internado compulsoriamente.
Os advogados tentaram obter a liberdade provisória de Pelegrin para que ele pudesse receber tratamento especializado em uma clínica particular, mas o pedido foi negado. Uma solicitação de habeas corpus também foi indeferida pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
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