SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cantor Gusttavo Lima, que teve sua prisão decretada pela Justiça de Pernambuco nesta segunda-feira em investigação sobre bets, teve um show no valor de R$ 1,1 milhão contratado pela Prefeitura de Petrolândia (PE) no mesmo dia.
A apresentação foi marcada para 2 de outubro, como atração da Festa do Padroeiro, evento tradicional na cidade com cerca de 37 mil habitantes no interior do estado.
A contratação foi publicada pela manhã de segunda, no Diário Oficial dos Municípios do Estado de Pernambuco, e firmada pela Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer da cidade por meio da inexigibilidade de licitação –isto é, sem concorrência para definir o valor do serviço.
A contratação também foi reconhecida e ratificada pelo prefeito Fabiano Jaques Marques (Republicanos).
Procurada pela Folha de S.Paulo, a secretária de Cultura da cidade, Fabiane Kelly Silva, não respondeu aos contatos da reportagem por email até a publicação deste texto.
Gusttavo Lima é suspeito de ter ajudado duas pessoas investigadas a ficarem fora do país. A decretação da prisão acontece no âmbito da Operação Integration, que envolve a influenciadora e advogada Deolane Bezerra -também nesta segunda, a Justiça determinou que ela fosse solta.
Em 2022, Gusttavo Lima esteve no centro da chamada “CPI do sertanejo”, polêmica em torno dos cachês milionários pagos por prefeituras de cidades com poucos milhares de habitantes a estrelas da música brasileira.
Por que cachê de show de Gusttavo Lima custa R$ 1 milhão? A discussão gira em torno do uso de verba pública desproporcional para bancar eventos gratuitos para as populações desses municípios.
Mas como os cachês dos cantores sertanejos se tornaram os mais valiosos do país? A resposta passa pela dominação do gênero tanto nas rádios quanto no streaming, por uma cultura de centrar a produção artística em torno dos shows e pelo alcance do estilo musical nos interiores do país, além de questões meramente econômicas.
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