Ginasta romena recebe bronze olímpico após polêmica com pódio em prova vencida por Rebeca

O imbróglio envolvendo o pódio do solo da ginástica artística feminina dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 parece, enfim, ter encontrado seu final. A ginasta romena Ana Maria Barbosu recebeu, nesta sexta-feira, a medalha de bronze que tanto gerou polêmica nas últimas semanas. A cerimônia de entrega aconteceu na cidade de Bucareste, capital da Romênia.

 

A premiação foi entregue por Mihai Covali, presidente do Comitê Olímpico da Romênia, e por Octavian Morariu, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). O bronze teve que ser devolvido pela ginasta americana Jordan Chiles, que havia subido ao pódio inicialmente ao lado da compatriota Simone Biles e da brasileira Rebeca Andrade, campeã olímpica da prova.

“É um momento emocionante para mim. Obrigado a todos que adicionaram um pouco de bronze à medalha. O resultado veio depois de muitos anos de trabalho”, disse Barbosu na cerimônia. “A resolução desta situação foi possível graças à Federação e ao escritório de advocacia que não desistiram de nós, atletas, e que lutaram por nós”, afirmou em discurso.

No evento, ainda a ginasta Sabrina Maneca-Voinea foi homenageada. A também romena esteve envolvida na polêmica com as notas da prova do solo junto com Chiles e Barbosu. Ambas as representantes da Romênia receberam um carro como premiação.

A POLÊMICA PELO BRONZE OLÍMPICO

A final do solo, em que Rebeca Andrade saiu como campeã sobre a norte-americana Simone Biles, que ficou em segundo lugar, permaneceu por 11 dias sem uma terceira colocada definida. A princípio, foi Jordan Chiles, dos Estados Unidos, quem recebeu a medalha. Mas a Federação Romena de Ginástica não aceitou o resultado e contestou a pontuação dada a Chiles após pedido de recurso dos americanos.

Ana Barbosu já estava comemorando a conquista do bronze quando percebeu que o pódio havia mudado – e ela havia ficado de fora. Com 13,700 de nota, a romena tinha garantido a terceira colocação sobre sua conterrânea, que conseguiu os mesmos 13,700, mas ficou atrás por critérios de desempate. Porém, Jordan Chiles, que tinha conquistado um 13,666, pediu revisão de um movimento de sua apresentação e subiu sua nota para 13,766. Foi ela quem subiu ao pódio naquele dia, inclusive gerando um dos momentos mais marcantes desta Olimpíada, quando ela e Biles fizeram uma reverência a Rebeca, no centro do pódio.

Após a repercussão da reação de Barbosu notando que tinha perdido a medalha, a presidente da Federação Romena de Ginástica, Carmencita Constantin, apoiada pela lenda da ginástica Nadia Comaneci, entrou com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), alegando que os americanos tinham pedido a revisão da apresentação de Chiles depois de um minuto do lançamento da nota, o que faria a solicitação ser negada. Os romenos também solicitaram revisão do solo de Sabrina Maneca-Voinea, que foi punida por pisar fora do tablado – ainda que não existam vídeos mostrando que isso ocorreu.

A CAS, com o pedido, revogou os 0,100 dados a Jordan no dia da final, e a ginasta caiu para o quinto lugar novamente. A revisão da apresentação de Sabrina foi negada, e ela ficou em quarto lugar. Com isso, a Corte determinou que a medalha deveria ser devolvida por Chiles e reentregue a Ana Barbosu. Os Estados Unidos tentaram recorrer da decisão, mas sem sucesso.

Jordan Chiles lamentou a decisão. “Estou sem palavras. Essa decisão é injusta e é um golpe significativo não apenas para mim, mas para todos que defenderam minha jornada”, escreveu em suas redes sociais. “Estou passando por um dos momentos mais desafiadores da minha carreira”.

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