‘Foi muito difícil e solitário’, diz Fernanda Bande, a Loba do BBB 24, sobre maternidade solo

MARIA PAULA GIACOMELLI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Faz pouco mais de um mês que a niteroiense Fernanda Bande, 32, deixou a casa do BBB 24 (Globo), mas até agora não teve tempo de curtir direito os filhos, Marcelo, 11, e Laura, 6. Após a saída do programa, segundo ela, a vida tem se resumido a trabalho e aos compromissos que não param de chegar.

Esse, porém, é um dos motivos que tornarão este Dia das Mães tão especial. A Loba, como ficou conhecida no reality show, estará na luta, cumprindo uma agenda em São Paulo. Mas, depois de um período transformador, que mudou para sempre sua forma de enxergar o mundo, ela está feliz de poder proporcionar o que sempre desejou para sua alcateia particular.

O medo que sentiu ao ser eliminada, sem saber o que o futuro reservava para ela e os seus, se transformou em alívio. Com 2,6 milhões seguidores nas redes sociais, ela tem sido uma das participantes da última edição do BBB mais requisitadas para publicidade. Além disso, foi contratada pelo Multishow para apresentar um programa ao lado de Pitel, aliada no jogo que virou amiga para a vida.

Mesmo com todas as boas notícias, Fernanda diz não encarar nada como garantido. “A luta só vai acabar quando eu vencer, e eu ainda não venci”, afirma ao F5.

Durante o confinamento, a modelo e confeiteira conquistou fãs fieis com seu jeito despachado, honesto (e, às vezes, um pouco desbocado). Chamou a atenção ao defender com unhas e dentes sua permanência no jogo e falou, sem nenhuma romantização, sobre como é ser mãe solteira de duas crianças –uma delas, Marcelo, no espectro autista.

Fernanda descobriu a primeira gravidez aos 19 anos, dois meses após terminar um relacionamento. O período, ela conta, foi extremamente doloroso. Antes de a entrevista começar, a assessoria de imprensa da ex-BBB pede que a reportagem não pergunte sobre o pai do garoto. Na conversa, Fernanda não o menciona e deixa claro que não mantém boa relação com o ex.

“Foi muito difícil e solitário. Não foi uma fase em que eu estava feliz, fiquei muito frágil e me fechei para todos”, afirma. “As pessoas me alertavam sobre o Marcelo antes, mas como eu estava muito vulnerável, via maldade em tudo. Pensava: ‘Vocês não vão chamar meu filho de maluco’, o que era preconceito puro. Quando a escola conversou comigo, eu entrei em pânico, mas o levei para a médica.”

Ela lembra que dedicar sua vida a outra pessoa não foi algo que começou nesse momento. Na juventude, ela já cuidava do irmão mais novo, Gabriel, que é sete anos mais novo do que ela e, hoje, trabalha em sua equipe.

“Durante a minha adolescência, tive que cuidar dele, minha mãe me criou dessa forma”, explica. “Não podia arrumar um namorado se eu não levasse o meu irmão para a casa do namorado, para um passeio. Eu que levava ele para a escola, ia em reuniões, ajudava com o dever de casa, dava comida…”

Desse modo, se colocar como prioridade foi ficando para depois. “Nunca me conheci como mulher na vida. Sempre fui das crianças”, diz Fernanda. “Nunca tive um fim de semana só meu depois de me tornar mãe, nunca fui para lugar nenhum sozinha. E, antes deles, eu era do Gabriel.”

A gastronomia surgiu em meio a esse período de incertezas e medo. Como não tinha mais amigas –as antigas estavam na fase de curtir a faculdade e conquistar o primeiro emprego–, começou a fazer pequenos cursos de confeitaria, já que sempre gostou de comer doces.

“Tem uma confeitaria perto da minha casa aqui em Niterói, eu amava os doces de lá e meu pai sempre me trazia um. Mas foi ficando caro, até que um dia ele falou que eu devia fazer um curso, sair um pouco de casa. Fiz, já com um barrigão enorme, e conheci mulheres que me abraçaram naquele momento”, relembra com carinho.

O conhecimento só se tornou um empreendimento depois da gravidez de Laura. Fernanda precisava de dinheiro e, após fazer um bolo de milho para levantar o humor num dia ruim, teve um estalo e começou a investir na confeitaria. Foi a salvação do cenário em que estava. “Me desdobrava para fazer e entregar, mas gostava. As crianças me ajudavam na cozinha, a produzir, embalar, decorar e iam comigo entregar”, conta.

Quando foi aceita para o BBB, Fernanda resolveu arriscar e combinou com o pai de Laura que a menina iria passar uma semana com ele e uma semana com os avós maternos. Já Marcelo ficou o tempo todo com os pais dela.
Com o saldo positivo da experiência, ela percebe que não precisava ter se cobrado tanto do que a vida trataria de resolver. “Ainda carrego muita dor. Eu poderia teria sido mais positiva e mais bondosa comigo mesma, me magoei e me maltratei muito”, avalia.

Hoje, apesar de um aumento na família não estar nos planos, ela diz que encararia a missão com mais leveza. “Não me vejo com outro filho, mas, se viesse o terceiro, já sei como fazer. A experiência me traz conforto.”

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