RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O Flamengo sabe que não tem muita margem para crescimento do programa de sócio-torcedor se pensar apenas em meios de incentivo para encher o estádio. Como casa cheia virou regra, a estratégia do clube para ganhar mais dinheiro é atrair mais sócios com uma oferta maior de serviços e descontos associados aos planos.
O QUE ACONTECEU
O Flamengo, nessa relação com o consumidor, se enxerga como uma empresa que oferece serviços. Tem chip para celular, serviço de streaming, descontos em compra de bebidas, seguro viagem e até parceria com posto de gasolina.
O clube busca parceiros que façam parte do cotidiano do torcedor, não necessariamente ligados ao futebol. Mas um dos movimentos nos bastidores é com uma empresa grande, que mexe com o jeito de consumir o jogo.
Quando o Flamengo negocia algum patrocinador, inclui o valor correspondente ao percentual de descontos oferecidos aos sócios. Não é apenas uma negociação em busca de um montante fechado em troca da exposição da marca no uniforme.
O clube se vê batendo no teto do potencial de crescimento de receita nos programas que focam em dar preferência na compra de ingressos no Maracanã. Por isso, quer diversificar os benefícios.
A diretoria do Flamengo entende que o momento pede isso porque, com a futura liga às portas, as receitas que vêm diretamente do torcedor para o clube são decisivas. Ter essa base de dados a seu favor pode ser atraente para potenciais novos patrocinadores.
O RISCO DA ESTAGNAÇÃO
Quando joga no Maracanã, o Flamengo coloca geralmente cerca de 55 mil ingressos à venda. O plano mais caro do sócio-torcedor, o Nação Diamante, assegura preferência de 2h de vantagem em relação aos demais planos.
O clube contabiliza cerca de 12 mil associados nessa condição. Se cada um atinge o limite de ter mais três convidados, já seriam 48 mil pessoas com entradas.
Fica mais difícil para que as outras categorias acessem ao benefício de ir para o jogo. Se ficasse só no desconto para o ingresso, o risco de desinteresse cresceria. Ao oferecer uma gama crescente de serviços, o Flamengo acha que pode compensar o associado.
Nos clubes, o sócio-torcedor costuma ter variação de acordo com o desempenho dos times em campo. Isso é uma preocupação no Flamengo também. Mas a oferta de serviços é vista como um elemento a mais para evitar cancelamentos.
O VALOR DO SÓCIO NAS CONTAS DO FLAMENGO
O sócio-torcedor, sem contar bilheteria, foi responsável por 8,7% da receita do futebol do Flamengo no primeiro semestre de 2023. Ou seja, a cada R$ 1 que o Flamengo arrecadou nos primeiros seis meses de 2023, 8,7 centavos vieram diretamente do sócio-torcedor. No mesmo período do ano passado, o sócio-torcedor representava 6,2 centavos a cada R$ 1.
Em números absolutos, foram R$ 45,4 milhões via sócio torcedor entre janeiro e junho de 2023. No mesmo período de 2022, essa linha de receita representou R$ 24 milhões.
IMPACTO EM PRODUTOS OFICIAIS
O Flamengo vê no sócio torcedor um impacto para aumentar a arrecadação com vendas de produtos oficiais nas lojas do clube, já que também oferece descontos.
O balancete de 2023 apresenta uma queda nessa receita, mas porque o contrato com a Socios.com, do fan token, sofreu uma drástica redução de um ano para o outro.
A arrecadação com licenciamento e royalties no primeiro semestre ficou em R$ 32 milhões, contra R$ 56 milhões do mesmo período de 2022.
Mas isso não impactou no cenário geral do Flamengo, que fechou o semestre com R$ 520 milhões de receita apenas no futebol. A meta de arrecadar R$ 1 bilhão segue em pé.