Ex-funcionário da CIA é condenado a 40 anos de prisão pelo maior vazamento da agência

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ex-engenheiro de software da CIA (agência de inteligência americana) foi sentenciado a 40 anos de prisão por roubar e vazar informações sigilosas do governo americano ao site WikiLeaks. Segundo promotores, Joshua Schulte, 35, esteve envolvido na maior violação de dados na história da agência.

A decisão foi proferida nesta quinta-feira (1º) por Jesse Furman, juiz distrital dos Estados Unidos. O ex-funcionário da CIA foi considerado culpado por espionagem, invasão de computadores, desacato à Corte e declarações falsas ao FBI, a polícia federal americana.

Além dos crimes relacionados à segurança, Schulte foi condenado pela posse de imagens de pornografia infantil -os arquivos estavam criptografados e foram encontrados pelos agentes em seus computadores.

O ex-funcionário teria encaminhado 8.761 documentos ao site WikiLeaks, de acordo com a rede britânica BBC. Os promotores descreveram as ações de Schulte como a maior violação de dados na história da CIA. “E a transmissão dessas informações roubadas ao WikiLeaks é uma das maiores divulgações não autorizadas de informações confidenciais [na história dos EUA]”, afirmaram eles durante o julgamento.

A defesa de Schulte não pôde ser contatada pela agência de notícias Reuters para comentar o veredicto, mas o engenheiro de software já disse ser inocente em outras ocasiões. Embora a sentença seja considerada dura, o juiz não impôs a pena de prisão perpétua que era solicitada pelos promotores.

O vazamento das informações teve repercussão em todo o mundo e ficou conhecido como Vault 7. Schulte já havia sido considerado culpado pelos crimes em julho de 2022 e aguardava a sentença. Ele chegou a recorrer, mas em agosto do ano passado um juiz manteve a maior parte da condenação.

O WikiLeaks se destacou ao publicar, em 2010, um vídeo de um ataque americano com helicópteros em Bagdá que deixou uma dúzia de mortos, incluindo dois funcionários da agência Reuters.

Cinco anos depois, o site divulgou informações confidenciais da Agência Nacional de Segurança dos EUA que revelavam que o governo americano espionava a então presidente Dilma Rousseff (PT), além de assessores e ministros. Ao todo, 29 telefones de membros e ex-integrantes da gestão petista haviam sido grampeados.

Já em 2017, o WikiLeaks começou a publicar materiais que diziam respeito à forma como a CIA vigiava os governos estrangeiros, supostos extremistas e outras autoridades. Algumas das informações teriam sido repassadas por Schulte.

Julian Assange, fundador do WikiLeaks, foi preso em 2019, após passar sete anos abrigado na embaixada do Equador em Londres. Apoiadores do australiano o consideram um herói antiestablishment e afirmam que ele é perseguido por expor irregularidades nos conflitos americanos no Afeganistão e no Iraque. Também dizem que as acusações contra ele e seus apoiadores são ações politicamente motivadas contra o jornalismo e contra a liberdade de expressão.

Assange está em uma penitenciária de segurança máxima na cidade de Belmarsh, na Inglaterra. Em 2022, a então ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, aprovou a extradição do jornalista para os EUA. Ele é procurado pelas autoridades americanas devido a 18 acusações criminais, incluindo espionagem relacionada ao vazamento, via Wikileaks, de registros militares e telegramas diplomáticos confidenciais que, de acordo com o governo americano, colocou vidas em perigo.

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