Estudante é iraniana internada após protesto contra código de vestimenta

Após uma estudante iraniana protestar contra o rígido código de vestimenta do país ao se despir dentro de uma universidade, uma onda de apoio à jovem tomou conta das redes sociais, mas também aumentou a preocupação com a possível retaliação das autoridades. Organizações de direitos humanos temem que a estudante, que teria sido levada para um hospital psiquiátrico, possa estar sofrendo torturas.

 

No Irã, é comum que prisioneiros, especialmente manifestantes, sejam transferidos para hospitais psiquiátricos. De acordo com o The Guardian, a Anistia Internacional encontrou evidências de tortura contra prisioneiros políticos nesses hospitais, relatando práticas como choques elétricos, espancamentos e uso de drogas para debilitar os detidos.

O protesto da jovem ocorreu na Universidade Islâmica Azad, em Teerã, onde, ao ser instruída a vestir o véu islâmico, ela se rebelou, removendo suas roupas até ficar de roupa íntima. O vídeo do protesto viralizou, chamando a atenção de internautas e de líderes de organizações não governamentais.

Alguns veículos iranianos sugeriram que a ação da estudante seria resultado de problemas de saúde mental, justificando sua internação em um hospital psiquiátrico. Dias depois, o governo iraniano declarou que a jovem estava recebendo tratamento, mas sem detalhar a natureza desse atendimento.

Apesar de sua identidade não ter sido oficialmente divulgada, usuários nas redes sociais acreditam que a jovem seja Ahou Daryaei, estudante de Literatura Francesa. A solidariedade nas redes é expressiva, com mensagens como “Se Ahou é louca, todos nós somos loucos” ecoando entre os usuários.

De acordo com jornal Iran Information, Fatemeh, uma iraniana de 29 anos, comentou o caso: “A vida é dura para muitos de nós. Enfrentamos dificuldades financeiras, políticas e sociais. Várias vezes pensei em tirar toda a roupa, mas nunca tive coragem suficiente.”

O Centro para os Direitos Humanos no Irã (CHRI) criticou severamente a transferência da estudante para o hospital, chamando-a de “sequestro”. Segundo o diretor Hadi Ghaemi, as autoridades iranianas usam a hospitalização psiquiátrica involuntária para reprimir opositores, alegando instabilidade mental para minar a credibilidade dos manifestantes. “Essa prática busca desacreditar ativistas, rotulando-os de instáveis, numa tentativa evidentemente ilegal de silenciar a oposição”, declarou Ghaemi.

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