Enem 2023: entenda como é feito o cálculo da nota pela Teoria de Resposta ao Item (TRI)

Após a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que neste ano será realizado nos dias 5 e 12 de novembro, surge a curiosidade dos candidatos com relação ao desempenho alcançado nos dois dias de prova. O número de questões acertadas, no entanto, não é suficiente para calcular a nota obtida no Enem. O motivo se deve ao fato de o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) utilizar a Teoria de Resposta ao Item (TRI) como metodologia de cálculo da pontuação no exame.

“A TRI é um conjunto de modelos matemáticos que busca representar a relação entre a probabilidade de o participante responder corretamente a uma questão, seu conhecimento na área em que está sendo avaliado e as características dos itens”, explica o Inep.

O Enem funciona como o maior vestibular para as universidades públicas e privadas do País. Mais de 3,9 milhões de pessoas se inscreveram para esta edição.

O que é a Teoria de Resposta ao Item (TRI) do Enem?

– Conforme o Inep, a TRI considera a particularidade de cada item. Neste sentido, as notas não dependem da quantidade de itens da prova, mas de cada item que a compõe. “Sendo assim, duas pessoas com a mesma quantidade de acertos na prova são avaliadas de forma distintas, a depender de quais itens estão certos e errados e podem, assim, ter notas diferentes.”

Desta forma, a TRI busca modelar o comportamento de um item por meio de uma curva que mostra a relação entre a probabilidade de acerto e a proficiência dos participantes.

Pelo método de correção, errar perguntas fáceis e ir bem nas questões complexas leva a uma “punição” na nota. Estatisticamente, seria improvável o candidato ter acertado apenas as difíceis e, portanto, provavelmente houve chute. Conforme o nível de dificuldade de cada pergunta, o Inep elabora uma função matemática para cravar quanto de conhecimento o candidato tem em cada questão da prova.

“Quando dizemos que o participante acertou uma questão ‘no chute’, não significa que sua nota irá diminuir, mas ela não tem tanto valor como se o participante tivesse acertado os itens com a coerência pedagógica esperada. Então, sempre é melhor responder à questão do que a deixar em branco, pois uma questão certa sempre aumenta a nota, e uma questão deixada em branco é corrigida como errada”, acrescenta o Inep.

Quais são os parâmetros da Teoria de Resposta ao Item (TRI) do Enem?

O modelo matemático da TRI usado no Enem possui três parâmetros que expressam as informações do item, essenciais para avaliar suas características e, consequentemente, a medida do conhecimento. São eles:

– Parâmetro de discriminação: é o poder de discriminação que cada questão possui para diferenciar os participantes que dominam dos participantes que não dominam a habilidade avaliada naquela questão.

– Parâmetro de dificuldade: associado à dificuldade da habilidade avaliada na questão – quanto maior seu valor, mais difícil é a questão. Ele é expresso na mesma escala da proficiência. Em uma prova de qualidade, devemos ter questões de diferentes níveis de dificuldade para avaliar adequadamente os participantes em todos os níveis de conhecimento.

– Parâmetro de acerto casual: em provas de múltipla escolha, um participante que não domina a habilidade avaliada em uma determinada questão da prova pode responder corretamente a um item devido ao acerto casual. Assim, esse parâmetro representa a probabilidade de um participante acertar a questão não dominando a habilidade exigida.

No Enem, a estimação da proficiência tem como base a consistência das respostas e as características (parâmetros) de cada questão. “Entretanto, esses parâmetros não podem ser interpretados como pesos, e está errada a inferência de que a divulgação dos parâmetros possibilitaria a reprodução dos cálculos com simples ponderações”, explica o Inep.

Em junho deste ano, o Inep publicou informações sobre a TRI e realizou uma live para explicar sobre a metodologia de cálculo das notas do Enem. Assista ao conteúdo no canal do Inep no YouTube.

Como é feita a correção das questões de múltipla escolha nas provas objetivas?

O cálculo das proficiências dos participantes a partir de suas respostas às questões de múltipla escolha das provas objetivas tem como base a TRI, em que o valor de cada questão varia conforme o porcentual de acertos e erros do candidato.

Desta forma, mesmo que dois candidatos acertem o mesmo número de questões, não necessariamente terão a mesma pontuação.

Questões com níveis de dificuldade diferentes resultam em pesos diferentes que variam de acordo com os acertos de cada candidato?

Em resumo, o valor de cada questão vai depender do acerto nas outras. A ideia é medir com mais precisão a proficiência nas matérias e evitar que chutes sejam recompensados. Pela TRI, um candidato que acertar algumas questões consideradas difíceis sem ter pontuado em várias mais simples será “punido” na nota.

Esse método de avaliação é usado em outros testes?

A TRI é uma metodologia de cálculo usada em outros testes como o TOEFL (que mede a proficiência em língua inglesa) e o SAT (Scholastic Aptitude Test ou Scholastic Assessment Test, usado no ingresso dos estudantes americanos na universidade). Aqui no Brasil, o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e a Prova Brasil também usam a TRI.

Nota da redação do Enem

A nota da redação, no entanto, não é calculada pelo TRI. Atribuída em uma escala que varia entre 0 e 1000 pontos, é disponibilizada ao participante, respeitando-se os critérios propostos no portal do Inep.

Ela é corrigida por pelo menos dois corretores, de forma independente.

Cada corretor atribui uma nota entre 0 e 200 pontos para cada uma das cinco competências exigidas. A nota total de cada corretor corresponde à soma das notas atribuídas a cada uma das competências.

Competências exigidas do texto:

– Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

– Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

– Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

– Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

– Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Cronograma:

Data das provas: 05 e 12/11/2023;

Divulgação dos Gabaritos: 24/11/2023;

Resultados: 16/01/2024.

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