Dólar recua com produção industrial fraca, após subir por tensão externa em meio a Haddad

O dólar está hesitante na manhã desta quarta-feira e passou a cair por volta das 9h45, após abrir em alta alinhado aos ganhos lá fora frente pares emergentes do real em meio ao tombo de mais de 3% do minério de ferro e petróleo instável. Entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews é monitorada.

 

O mercado devolve um pouco as posições defensivas, após a queda de 1,4% da produção industrial brasileira em junho ante junho, maior que a mediana esperada no mercado (0,9%). O mercado de câmbio também se ajusta ao recuo da moeda americana em relação a outros pares principais e ao persistente declínio dos juros dos Treasuries em cenário de busca de segurança por tensões com a economia dos EUA e a fraca demanda na China.

No exterior, o dólar recua e as bolsas seguem em baixa em NY, Europa e tombaram também na Ásia. Persiste o movimento de liquidação de ações do setor de tecnologia, por preocupação em relação a uma possível desaceleração aguda da economia americana, alimentada por dados industriais e de construções ontem. Há um compasso de espera por novos indicadores, como o relatório Jolts de abertura de vagas de emprego no país (11h).

O déficit comercial dos Estados Unidos subiu 7,9% em julho ante o mês anterior, a US$ 78,8 bilhões, segundo dados publicados nesta quarta-feira pelo Departamento do Comércio americano. Analistas consultados pela FactSet previam saldo negativo um pouco menor, de US$ 78,5 bilhões. O déficit da balança de junho foi revisado ligeiramente para baixo, de US$ 73,11 bilhões para US$ 73,02 bilhões. As exportações dos EUA subiram 0,5% na comparação mensal de julho, a US$ 266,6 bilhões, enquanto as importações avançaram 2,1% no período, a US$ 345,4 bilhões.

À GloboNews, Haddad atribuiu o forte crescimento da economia brasileira à “qualidade” do ajuste fiscal feito pela pasta, que se focou “em quem deixou de pagar impostos.” “O resultado dessa política é que você consegue fazer o ajuste sem prejudicar o crescimento econômico.”

Haddad se esquivou de responder a uma indagação sobre se o Banco Central teria de aumentar os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 17 e 18, e disse considerar deselegante opinar sobre o tema. Também defendeu que é necessário fazer um debate sobre o ritmo de crescimento das despesas obrigatórias, que eventualmente vão consumir o espaço dos gastos discricionários. O comportamento das despesas obrigatórias é uma das principais críticas ao novo arcabouço fiscal, desenhado e aprovado por Haddad. Em relação ao acordo sobre emendas parlamentares entre STF e o Congresso, Haddad afirmou que “tudo indica que terá que respeitar arcabouço fiscal”.

A produção industrial caiu 1,4% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi maior do que a apontada pela mediana das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de 0,9%. Em relação a julho de 2023, a produção subiu 6,1%. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de alta de 4% a 8%, com mediana também positiva de 6,9%. No acumulado do ano, que tem como base de comparação o mesmo período do ano anterior, a indústria teve uma alta de 3,2%. Em 12 meses, a produção acumula elevação de 2,20%.

No radar local estão ainda a divulgação que o Tesouro Nacional fará referente ao Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2024 (14h30) e uma entrevista coletiva sobre o Relatório Mensal da Dívida Pública (RMD) relativo a julho (15h). Como mostrou o Estadão/Broadcast, analistas do mercado consideravam que o Tesouro deveria alterar o PAF deste ano diante do seu perfil “tomador de preço” e do maior apetite do mercado voltado aos papéis remunerados pela Selic, as LFTs.

A expectativa desses agentes é de que o órgão anuncie porcentuais mais baixos de participação dos títulos prefixados e das Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), que são títulos com rentabilidade atrelada à inflação, enquanto a fatia dos pós-fixados deve subir. Espera-se ainda que seja mantido o intervalo de prazo médio, o intervalo para os títulos com prazo de vencimento e o estoque.

Às 9h48 desta quarta, o dólar à vista caía 0,27%, a R$ 5,6245. Na máxima, mais cedo, subiu a R$ 5,6620 (+0,38%). O dólar para outubro recuava 0,41%, a R$ 5,6395, ante máxima intradia a R$ 5,6770 (+0,25%).

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